sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!

Caros amigos blogueiros, apesar das perspectivas sinistras com relação ao futuro politico econômico do país, apesar do maniqueísmo ideológico dos atuais governantes, da inoperância covarde da oposição e da natureza de espirito pobre da nossa sociedade, eu estou muito satisfeito em ter compartilhado todas as minhas angustias e vislumbramentos com vocês ao longo de mais um ano! Espero que todos tenham uma excelente virada de ano, e que possam dar continuidade aos seus mais ambiciosos projetos!
Sinto muito orgulho de pertencer a esta malejambrada "intelligentsia" curitibana!

Feliz ano novo para todos! Bjus!

sábado, 24 de dezembro de 2011

A verdadeira história do Natal

Ótimo texto retirado da Superinteressante, via Janela Lateral.


A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus. Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz

por Texto Thiago Minami e Alexandre Versignassi

Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.

Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de “nascimento” do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.

Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. “O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes”, dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome (“Religiões de Roma”, sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

Solstício cristão
As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia idéia da data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra. A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. “Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. “Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural”, afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.

Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.

Outra contribuição do norte foi a idéia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.

Nasce o Papai Noel
Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento – não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, “profissional”. Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.

Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.

Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 – daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.

Natal fora-da-lei
Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos – os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.

Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A idéia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.

Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de “Christmas” (Christ’s mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) – já que “missa” é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.

A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cromwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cromwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.

Tio Patinhas
Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam “para acabar com o crescimento da população”, dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.

Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada – o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1a metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do “espírito natalino” que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.

Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.

Para saber mais
Religions of Rome - Mary Beard, John North; Cambridge, EUA, 1998
Santa Claus: A Biography - Gerry Bowler, McClelland & Stewart, EUA, 2005
www.candlegrove.com/solstice.html - Como várias culturas comemoram o solstício de inverno.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

J. Cristo

Você já viu seu avô falando de Pelé? Ou do Didi "Folha Seca"? E aquele seu amigo mineiro falando do Dadá Maravilha? Parece que estão falando de seres acima da humanidade. "O Dada parava no ar pra cabecear" "a cobrança do Didi contraria as leis da física" "o Pelé conseguia prever o movimento do adversario".
Agora, imagina que ao invés de futebol, estamos falando de religião! Um assunto muito mais fervoroso, apaixonado e quente! Agora imagina, se ao invés dos ídolos do futebol, o assunto fosse um cidadão com uma capacidade de propagar uma fé tão forte, tão intensa, que conseguisse fazer com que muitas pessoas abandonassem suas ocupações e se dedicassem a segui-lo e a propagar suas mensagens.
Agora é fácil imaginar o que estas pessoas contariam de Jesus aos seus netos e amigos.
É lógico acreditar que os feitos místicos de Jesus não sejam verdade. Tanto é lógico e sensato que ninguém ,cartesianamente, pode encontrar justificativas para estes acontecimentos fora do universo da Fé!
Porém, se excluirmos o misticismo da historia, e analisarmos as fundamentações lógicas do discurso cristão, veremos que ele não é pautado em religiosidades, em questões teológicas! As pessoas não devem seguir o cristianismo por acreditar em Deus, por acreditar em inferno. As pessoas devem seguir o cristianismo por uma questão logica de equilibrio social.
Uma das primeiras vezes na vida que me atentei para isto, foi ao discutir com meu irmão um dos ensinamentos: "todos somos irmãos". Meu argumento era: não somos todos irmãos e aquele que trata um irmão como um desconhecido, é na verdade um bastardo de sangue frio. Eis que meu irmão respondeu: "É uma questão de justiça! Não podemos favorecer este ou aquele por uma questão de proximidade!". Colocada desta forma, me parece bastante inteligente, pois, não conheço qualquer pessoa que tenha sido desmerecida, não por inaptidão ou qualquer falha técnica, mas apenas por não possuir um vinculo afetivo com o desmerecedor, que tenha ficado satisfeita ou ao menos resoluta. E a partir dai, comecei a procurar entender por este angulo mais racional, os ensinamentos cristãos!
Estes ensinamentos são na verdade, racionalmente falando, uma proposta de um contrato social que otimiza as relações humanas e melhoram a qualidade de vida de todos que estão dispostos a segui-los.
A essência do discurso é sobre respeito ao próximo, viver uma vida menos fútil, é um discurso humanista que eleva o gênero humano a um grau mais elevado de convivência.
Além disto, me ocorreu que as pessoas se apegam mais aos detalhes da historia contada, que os fundamentos em si. Tanto aqueles que fervorosamente praticam o cristianismo as avessas, quanto aqueles que simplesmente refutam tudo que vier através de ensinamentos religiosos.

Feliz Natal pra todos!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Rocky

"A vida não é sobre o quão forte você bate, mas sobre o quanto você consegue apanhar" Este é o resumo da vida do Rocky Balboa! Mas o que um filme sobre um boxeador falido e sem talento, que trabalha como coletor de dividas, que vive num bairro pobre e sujo da Filadélfia, tem de tão magico que se tornou um ícone?
O Rocky é a essência do espirito americano! Os EUA a principio eram um pedaço de terra pobre onde perseguidos religiosos se escodiam para sobreviver. E o que eles precisaram fazer pra conseguir sobreviver? Dominar aquele ambiente hostil, seguir uma trilha sangrenta rumo ao sul do continente, entrar em uma luta desproporcional com a maior potência do mundo para conseguir sua independência, cometer uma carnificina para conseguir os territórios do oeste, lutar uma das batalhas mais sangrentas da historia da humanidade para se manter unidos, 1a e 2a grandes guerras, guerra da Coreia, guerra do Vietnã, Guerra Fria, 1a guerra do Golfo, guerra do Afeganistão e 2a guerra do golfo.
Então, quando começaram a vender o Sonho Americano (representado pelo Apollo Creed) enquanto os índices de desemprego estavam nas alturas e o gov. não tinha mais dinheiro porque haviam perdido tudo na guerra do Vietnã, o povo, o verdadeiro povo americano estava suando sangue pra conseguir se manter de pé! Portanto o Rocky Balboa é a representação deste espirito: o imigrante burro e pobre cuja a unica vantagem é não desistir nunca, não cair nunca, custe o que custar!
2006, ano de lançamento do Rocky Balboa, os EUA já não eram mais a hegemonia no cenario politico economico mundial. Mas, um de seus ícones, o ex-campeão dos pesos pesados, agora dono de um restaurante, morando no mesmo bairro sujo da Filadélfia, esta prestes a encaram de igual pra igual o atual campeão dos pesados e seu filho o pede para não lutar, e o discurso que ele profere, não é pro filho dele, é para todos aqueles cidadãos americanos se perguntando o que ira acontecer com os EUA quando eles de fato deixarem de ser a grande potencia do mundo, o final do discurso poderia ser alterado para: "A vida não é sobre o quão forte você bate, mas sobre o quanto você consegue apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e seguir tentando, é assim que se constrói um PAÍS!"

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Pele Que Habito

Me parece bastante justo comparar A Pele Que Habito com Bastardos Inglorios e Paris à Meia Noite, sendo que este terceiro talvez eu precise exagerar um pouco para que tenha qualquer relação.
Mas os três filmes são seus respectivos diretores utilizando suas estéticas e linguagens tão próprias e tão características para abordar assuntos totalmente fora dos seus universos! (Talvez o filme do Woody Allen seja o mais proximo de suas obras anteriores, mas é tão sublime e surpreendente que não consigo tirá-lo da cabeça).
Especificamente falando do A Pele Que Habito, o filme é inegavelmente do Almodovar: suas personagens femininas, as cores espanholas, os tramas familiares, os conflitos, tão comum entre os latinos, entre a explosão sexual cultural e a repressão religiosa, e a arte de contar tão bem uma história!
Mas, desta vez, o que eu sinto é que ele utilizou toda a sua estética, aprimorada ao longos de todos os filmes incríveis, pra extrapolar seu universo, pra criar uma tragédia grega, pra alimentar a curiosidade dos telespectadores sobre a essência do espírito humano.
Ainda penso muito no filme e duas referências estão enchendo o saco pra aparecer neste post! Então ai vai: guardadas as devidas proporções, o filme é uma mistura de Desejo de Matar 1 e 2 com Encaixotando Helena! Quem assistiu os três filmes vai entender o que eu estou falando!

domingo, 18 de dezembro de 2011

La piel

Por favor alguém escreva sobre o filme? Todo mundo já assistiu.
Grato,
A Gerência.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

...o desejo nos aproxima do nada porque desvaloriza tudo que temos. Por isso, quando movidos por ele, sem o cuidado de quem se sabe parte de uma espécie louca, flertamos com o valor zero de tudo. - Freud via Pondé.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sir Elton John

Nunca fui muito fã de Elton John e só conhecia a obra de forma beeem superficial.. Mas desde que assisti o maravilhoso filme "Quase Famosos" a musica Tiny Dancer entrou para o hall das musicas favoritas e volte e meia compõe a seletíssima seleção de musicas que entram no meu carro!
Mas sempre que me perguntavam: "Você gosta de Elton John?" eu torcia o nariz e dizia: "eu gosto de Tiny Dancer e alguma outra coisa...." Eis que em uma destas discussões que eu crio pra alimentar meu cérebro doentio, me pus a listar as musicas dele para mostrar que ele não tinha tantas canções assim para se gostar... eis a constatação: "Ta.. .ele tem Tiny Dancer, Your Love... que mais? Rocket Man? Someone Saved My Life? Philadelphia Freedom? " nesta hora me veio o estalo: Poxa, são varias musicas, porque a birra estupida contra o 5º cara que mais vendeu discos no mundo? La fui eu baixar a discografia e me arrepender por todos estes anos distantes das melodias e interpretações de Elton John!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

This is our last dance!

Eu acho esta musica um grito de socorro! E apesar de ser de 30 anos atras, a ajuda não chegou! O mundo de hoje é com certeza a realidade mais radical da existência humana! Nós estamos experimentando uma liberdade extrema que em contra partida desmarcara uma imensa, uma quase infinita, ignorância humana!
Este não é um post que deflagra mais uma bandeira, é só um grito de socorro mesmo... Mas eu estou no escritório às 17:26 de uma deliciosa quarta feira e não posso gritar, então vou colocar o Queen e o Bowie pra gritarem por mim!
E minhas sinceras desculpas pelo existencialismo barato!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

confession


waiiting for death
like a cat
that will jump
on the
bed

I am so very sorry for
my wife

she will see this
stiff
white
body

shake it once, then
maybe
again:

"Hank!"

Hank won't
answer.

it's not my death that
worries me, it's my wife
left with this
pile of
nothing.


I want to
let her know
though
that all the nights
sleeping
beside her

even the useless
arguments
were things
ever splendid

and the hard
words
I ever feared to

say
can now be
said:

I love
you.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sempre no meu sempre


É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

[o enterrado vivo]

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Síndrome do Turista Japonês

"Life moves pretty fast. You don't stop and look around once in a while, you could miss it."

Na semana passada fui ao show do Pearl Jam e o número de pessoas tirando fotos e filmando o show inteiro me impressionou muito. Obviamente, nada contra quem tira uma foto ou outra, com o celular ou a câmera digital, pra: 1- guardar de recordação (alcoólatra desmemoriado); 2- mostrar pra mãe, pai, namorada, inspetor do colégio ou cobrador do tubo (forever alone); 3- postar no facebook pra mostrar como é cool (meu caso!); 4- pra nada mesmo, pq ninguém vai querer ver aquela merda de filmagem em 240x320, mono e tremida. 

Mas, puta que o pariu, precisa filmar a PORRA do show inteiro? Não estou criticando que o sujeito filme a sua música preferida, ou um trecho do show. Estou falando daquele imbecil com a mão levantada pro alto por mais de 2h, tentando não se mexer pra filmar a merda do show! Sim, essas pessoas existem, e estão se reproduzindo. Possuem o que eu apelidei de Síndrome do Turista Japonês.

O sujeito descobre que tem a Síndrome do Turista Japonês quando: não pula durante o show pra não tremer a filmagem, não canta pra não estragar o áudio, não tira o olho do LCD pra não desfocar do palco, tenta gravar continuamente pelo menos 5 músicas em sequência e ainda fica bravo se alguém encosta ou entra na frente dele. 

Caralho Dilma, cria logo o bolsa-DVD! Só pode ser muita miséria desse povo de querer filmar um show inteiro "pra assistir em casa depois".

E olha que eu nem fiquei tão irritado assim durante o show (e nem ia perder tempo escrevendo sobre isso aqui), até que eu me deparei com o rei da Síndrome do Turista Japonês. Um debilóide segurando com as duas mãos para cima um Ipad. SIM, um Ipad com uma tela de 10" durante mais de 2h, atrapalhando as pessoas que estavam atrás, com o intuito de filmar o show que ele estava perdendo.

Se você faz isso, parabéns, você é um idiota.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Literature and the Search for Liberty

By MARIO VARGAS LLOSA @ WSJ

The blessings of freedom and the perils of its opposite can be seen the world over. It is why I have so passionately adhered to advancing the idea of individual freedom in my work.
Having abandoned the Marxist myths that took in so many of my generation, I soon came to genuinely believe that I had found a truth that had to be shared in the best way I knew—through the art of letters. Critics on the left and right have often praised my novels only to distance themselves from the ideas I've expressed. I do not believe my work can be separated from its ideals.
It is the function of the novelist to tell timeless and universal truths through the device of a fashioned narrative. A story's significance as a piece of art cannot be divorced from its message, any more than a society's prospects for freedom and prosperity can be divorced from its underlying principles. The writer and the man are one and the same, as are the culture and its common beliefs. In my writing and in my life I have pursued a vision not only to inspire my readers but also to share my dream of what we can aspire to build here in our world.

Those who love liberty are often ridiculed for their idealism. And at times we can feel alone, as there appear to be very few dedicated to the ideals of true "liberalism."

In the United States, the term "liberal" has come to be associated with leftism, socialism, and an ambitious role for government in the economy. Many who describe their politics as "liberal" emphatically favor measures which desire to push aside free enterprise. Some who call themselves liberal show even greater hostility toward business, loudly protesting the very idea of economic freedom and promoting a vision of society not so different from the failed utopian experiments of history's socialist and fascist regimes.
In Latin America and Spain, where the word "liberal" originated to mean an advocate of liberty, the left now uses the label as an invective. It carries connotations of "conservative" or reactionary politics, and especially a failure to care for the world's poor. I have been maligned in this way.
Ironically enough, part of the confusion can be pinned on some who champion the market economy in the name of old liberalism. They have at times done even more damage to freedom than the Marxists and other socialists.
There are those who in the name of the free market have supported Latin American dictatorships whose iron hand of repression was said to be necessary to allow business to function, betraying the very principles of human rights that free economies rest upon. Then there are those who have coldly reduced all questions of humanity to a matter of economics and see the market as a panacea. In doing so they ignore the role of ideas and culture, the true foundation of civilization. Without customs and shared beliefs to breathe life into democracy and the market, we are reduced to the Darwinian struggle of atomistic and selfish actors that many on the left rightfully see as inhuman.
What is lost on the collectivists, on the other hand, is the prime importance of individual freedom for societies to flourish and economies to thrive. This is the core insight of true liberalism: All individual freedoms are part of an inseparable whole. Political and economic liberties cannot be bifurcated. Mankind has inherited this wisdom from millennia of experience, and our understanding has been enriched further by the great liberal thinkers, some of my favorites being Isaiah Berlin, Karl Popper, F.A. Hayek and Ludwig von Mises. They have described the path out of darkness and toward a brighter future of freedom and universal appreciation for the values of human dignity.
When the liberal truth is forgotten, we see the horrors of nationalist dictatorship, fascism, communism, cult fanaticism, terrorism and the many savageries that have defined all too much in the modern era. The problem is less pronounced in the United States, but here there still remain problems resulting from the abandonment of these key principles.
Many cling to hopes that the economy can be centrally planned. Education, health care, housing, money and banking, crime control, transportation, energy and far more follow the failed command-and-control model that has been repeatedly discredited. Some look to nationalist and statist solutions to trade imbalances and migration problems, instead of toward greater freedom.
Yet there is reason for hope here and elsewhere. The American system still allows for open dissent, the hallmark of a free society, and in a healthy fashion both left and right practice this cherished freedom. Throughout the world, anti-Americanism and anticapitalism are in decline. In Latin America, outside of Venezuela and Cuba, dictatorship of the old socialist and fascist varieties is dead, with market reforms sweeping even nominally leftist regimes.
The search for liberty is simply part of the greater search for a world where respect for the rule of law and human rights is universal—a world free of dictators, terrorists, warmongers and fanatics, where men and women of all nationalities, races, traditions and creeds can coexist in the culture of freedom, where borders give way to bridges that people cross to reach their goals limited only by free will and respect for one another's rights. It is a search to which I've dedicated my writing, and so many have taken notice. But is it not a search to which we should all devote our very lives? The answer is clear when we see what is at stake.

Mr. Vargas Llosa, the 2010 Nobel laureate in literature, will receive the Alexis de Tocqueville Award on Nov. 15 from the Independent Institute at its 25th anniversary celebration. He wrote this essay for the occasion.

domingo, 30 de outubro de 2011

Caê

Eu acho Caetano Veloso genial! E ele é considerado genial quando compõe musicas como "Felicidade", "Sampa", "qualquer coisa", "você não entende nada", "Alegria, Alegria" etc, etc, etc... Porém, o Caetano é taxado de chato! Quantas inúmeras vezes, ao falar que acho o Caetano um gênio, ouvi de volta: "eu acho o Caetano chato!".
Bom, o Caetano, ao contrario dos músicos com ar blasé, se importa com as criticas e as rebate em público (para deleite dos críticos, quase sempre a margem da intelligentsia cultural)! Isto o torna chato? Talvez... O Caetano esta toda hora experimentando coisas novas! Compõe forró, baião, rock, samba, musicas experimentais, sambas canção, boleros... As vezes as musicas são estranhas e pouco palatáveis!
Mas como todo grande gênio, o Caetano transpira! As diversas tentativas e erros vão construindo um musico maduro, elegante, que diferente de muita gente, ri de si mesmo e vai sublimando estas mundanidades!
Lendo as biografias de grandes personalidades, eu vejo que muitos grandes gênios foram hostilizados... E nenhum deles acertou de primeira, pelo contrario: A relação é de incontáveis fracassos para cada tese revolucionaria.
Acho que pra cada musica estranha do Caetano, ao invés de taxa-lo de chato, deveríamos implorar para que ele tentasse novamente, que tentasse diluir mais aquela experiencia concentrada para que pudêssemos acessar sua criatividade!
Abaixo o Caetano demonstra que, diferente de outros grandes compositores, ele também é um genial intérprete:


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

I am the 1%

We are Wall Street

“We are Wall Street. It’s our job to make money. Whether it’s a commodity, stock, bond, or some hypothetical piece of fake paper, it doesn’t matter. We would trade baseball cards if it were profitable. I didn’t hear America complaining when the market was roaring to 14,000 and everyone’s 401k doubled every 3 years. Just like gambling, its not a problem until you lose. I’ve never heard of anyone going to Gamblers Anonymous because they won too much in Vegas.

Well now the market crapped out, & even though it has come back somewhat, the government and the average Joes are still looking for a scapegoat. God knows there has to be one for everything. Well, here we are.

Go ahead and continue to take us down, but you’re only going to hurt yourselves. What’s going to happen when we can’t find jobs on the Street anymore? Guess what: We’re going to take yours. We get up at 5am & work till 10pm or later. We’re used to not getting up to pee when we have a position. We don’t take an hour or more for a lunch break. We don’t demand a union. We don’t retire at 50 with a pension. We eat what we kill, and when the only thing left to eat is on your dinner plates, we’ll eat that.

For years teachers and other unionized labor have had us fooled. We were too busy working to notice. Do you really think that we are incapable of teaching 3rd graders and doing landscaping? We’re going to take your cushy jobs with tenure and 4 months off a year and whine just like you that we are so-o-o-o underpaid for building the youth of America. Say goodbye to your overtime and double time and a half. I’ll be hitting grounders to the high school baseball team for $5k extra a summer, thank you very much.

So now that we’re going to be making $85k a year without upside, Joe Mainstreet is going to have his revenge, right? Wrong! Guess what: we’re going to stop buying the new 80k car, we aren’t going to leave the 35 percent tip at our business dinners anymore. No more free rides on our backs. We’re going to landscape our own back yards, wash our cars with a garden hose in our driveways. Our money was your money. You spent it. When our money dries up, so does yours.

The difference is, you lived off of it, we rejoiced in it. The Obama administration and the Democratic National Committee might get their way and knock us off the top of the pyramid, but it’s really going to hurt like hell for them when our fat a**es land directly on the middle class of America and knock them to the bottom.

We aren’t dinosaurs. We are smarter and more vicious than that, and we are going to survive. The question is, now that Obama & his administration are making Joe Mainstreet our food supply…will he? and will they?”

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Hoje

Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier para enfeitar a noite do meu bem

terça-feira, 11 de outubro de 2011

103

Hoje, 11 de outubro, data para lembrar do aniversário do mestre Cartola.
Diferente do ano passado, em que só fiz uma singela homenagem com foto, para 2011 temos vídeo! Yeeeeeah!

O Youtube, esse maravilhoso, que permite vídeos inteirinhos, nos proporciona a alegria de ver novamente o programa Por Toda Minha Vida. Cinquenta minutos de ~amor puro e simples.

Pra quem perdeu, pra quem já viu e não lembra ou simplesmente pra quem quer rever e rever, taí:



AAAAh, Cartola! Feliz 103 anos!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Provocações



Não aguentava mais entrar no blog e ver aquele quadrinho.... De modo que, segue uma provocaçãozinha do Sr. Antonio Abujamra!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

é tim!



Coisa mais linda do mundo o vídeo do show do Tim Maia, na inauguração do teatro Bandeirantes (SP), em agosto de 1974. Tem uma parte aqui: http://youtu.be/ssw-nflAugM em que ele canta Réu Confesso, Azul da Cor do Mar, Primavera e Imunização Racional. Bem tranquilo, voz limpinha e mó gingado!

Tim faria hoje 69 anos.


O que me importa
Essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar
Tem mais tristezas
Pra chorar
Que o seu
O que me importa
Ver você tão triste
Se triste fui
E você nem ligou

E a
qui tem Vale Tudo em versão remixada, postada pelo Alexandre Matias, do Trabalho Sujo!
Coisa fina!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vale Tudo, O Musical



Foram 3 horas de espetáculo com 10 minutos de intervalo! Não sou um consumidor ávido de teatro, mas das poucas vezes em que fui, nunca encontrei uma produção tão exuberante! Uma banda tocando ao vivo, cantores sensacionais, um roteiro que conta muito bem(méritos ao Nelson Motta, memoria viva dos bastidores da MPB) uma história por si só emocionante, cenários, enfim... tudo acrescentava muito ao espetáculo!
A atuação do Tiago Abravanel é espetacular, sua aparência e voz empolgam, etc. Mas muito além disto, o show é simpático com o público e empolga a ponto de fazer a gélida plateia curitibana querer entrar no palco e fazer do musical um show de fato!
Claro que tudo isto não funcionaria se o mote da peça não fosse a extravagante e extraordinária vida e obra do maior cantor brasileiro: Tim Maia!
Se alguém tiver a oportunidade de ir, vale cada centavo! Me arrependo de ter comprado 1o Balcão ao invés de Platéia.



Obs: estou ensaiando este post desde sábado, mas agora me empolguei com o post da Elisa!


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cortem as Cabeças!

Hoje, antes de ir pra aula, eu fui em uma palestra de lançamento do livro “Fé em Deus e Pé na Tábua” do antropólogo Roberto da Matta.

De acordo com a palestra, o autor defende na obra que o mal comportamento do motorista brasileiro é reflexo da nossa construção torpe como sociedade.

As origens dos índices horríveis e absurdos de mortes, acidentes e atropelamentos no trânsito no Brasil são as mesmas que originam a corrupção, a ineficiência do serviço público, os índices de criminalidade, os abusos de poder, etc, etc, etc: a herança da sociedade hierarquista da coroa portuguesa e a religiosidade.

Enquanto a cultura hierarquista, da qual nós não conseguimos nos libertar, divide a sociedade entre poderosos e não poderosos, onde quem tem mais dinheiro, mais poder, tem menos obrigações e maior acesso à benefícios, a religiosidade permuta a busca por condições melhores de vida para o além, tornando o brasileiro menos combativo com relação as injustiças, etc, etc, etc.

E este é um problema da sociedade brasileira como um todo, porque todos os brasileiros gostam de privilégios, todos os brasileiros detestam igualdade, todos os brasileiros encontrando-se em uma situação de poder, utilizam-no de forma aristocrática, favorecendo os próximos e os interesses próprios. O exemplo que o autor da é o motorista de ônibus, mesmo ele sendo pertencente a mesma classe social da maioria dos cidadãos, estando ele momentaneamente numa condição mais favorável, trata os pedestres, os passageiros e os motoristas em carros menores, de forma violenta, impondo sua condição de superioridade.

Um ponto importante tocado pelo autor, é a discussão de cidadania no Brasil: “no Brasil só se discute cidadania a partir dos direitos e ignoramos as obrigações”! Ninguém quer pagar impostos, ninguém quer dor de cabeça com política, mas todos queremos que os recursos sejam bem gastos, evitando desperdício! Queremos que os nossos governos ajam como os governos suécos, finlandeses e suíços, porém, nós continuamos agindo como brasileiros.

Saí da palestra com a nítida impressão de que não deveria ter ido, pois, apesar de excelente palestrante, o assunto só piorou meu pessimismo com o desenvolvimento do Brasil como sociedade.

Num destes momentos de pessimismo patriótico, fiquei pensando que outro país combinou de forma tão perversa os dois elementos fundamentais pro nosso atraso: a cultura monarquista hierárquica e religiosidade? A resposta que me sucedeu foi a França pré-revolução. Automaticamente um pensamento nefasto me ocorreu: “Será que pra nos livrarmos destas amarras precisaremos de um movimento tão violento e intenso quanto a revolução francesa? Será a solução pros nossos problemas uma era do terror?”

Me acalmei, rumo a faculdade, com a imagem da Rainha de Copas, da obra prima de Lewis Carroll, gritando à esplanada: “Corrrtem as cabeças!! Corrrrtem as cabeças!”

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Home!

O tchan de ouvir rádio é que as vezes eles tocam umas musicas boas, e a felicidade é tanta! Uma bela surpresa destes dias chuvosos de trânsito caótico foi ouvir Edward Sharpe and The Magnetic Zeroes!



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dica do meu pai

Meu pai me leu esta poesia, dizendo que era o que todo pai deveria ensinar para todo filho!

Se.. de Rudyard Kipling

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar --sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!

Obs: me lembrou de Rocky Balboa!

Citações

Quando você perceber que, para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada; que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; que as leis não nos protegem deles mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada. - Ayn Rand

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Conflito de interesses!


Entrevistador: Nos estamos aqui com o Charles Ferguson, diretor e criador do filme Trabalho Interno, um extraordinário e *heart giving(não consegui ouvir direito, e não encontrei uma definição para o que eu ouvi) filme sobre a crise que eclodiu em 2007 e nos 20 anos anteriores que levaram à crise e as consequências que sucederam para a nossa sociedade, nossa política e nossa economia... Charles obrigado por estar aqui hoje - Obrigado por me receber - Eu tenho ido a vários colégios e eu penso que a questão da ética universitaria e a ética individual dos professores tiveram uma importante dimensão, um papel muto significativo na crise... eu me lembro que sua argumentação era de que a industria de serviços financeiros detinha uma influênica que a maioria das pessoas nao entendiam... você usou palavras muto fortes: "eles corromperam o estudo economico". Como isto se manifesta?
Charles Ferguson: Eu penso que a corrupção tem sido muito real e diretamente ligada ao financiamento (do estudo economico) , claro que existem outros fatores operando nas ciencias economicas... as pessoas tem suas visões políticas, suas ideologias, questões eleitorais, e estes fatores também influenciam em quem é contrato e quais artigos são publicados... então existem outros fatores... mas, pelo menos nesta area, na questão de regulamentação das grandes industrias, especialmente a industria de serviços financeiros, não só de serviços financeiros, também vi este tipo de situação nos setores de telecomunicação e energia por exemplo, mas o setor de serviços financeiros é o maior e mais importante e mais ferrenho defensor da desregulamentação! Eu não tenho duvida, que eles tem financiado diretamente publicações, eles tem sido o agente principal, e eles agem tanto diretamente, pagando quantias enormes de dinheiro para os professores que suportam sua industria, mas também existe um poder indireto... se você esta tirando um PhD e o seu orientador é uma destas pessoas ligadas a industria, você vai ser bem cuidadoso sobre o que defende... e se você esta tentando publicar um artigo, onde estas pessoas são do editorial do jornal, e são as pessoas que vão te contratar quando você for trabalhar, eu penso que existe um fim bem perverso... um efeito sinistro... isto é realmente não é muito diferente dos círculos viciosos que comumente associamos a este tipo de problema... se olharmos aos quadros de diretores de Harvard, Columbia, Universidade da California, primeiramente você vera pessoas do mercado financeiro, e em um segundo plano existe uma fonte rica de financiamento de estudos, e quem são esta fonte? São as pessoas ricas... E hoje em dia quem são as pessoas ricas? São as pessoas do mercado financeiro.

Obs: Peço desculpas pela tradução nas coxas! Se alguém se dispuser a melhorar, fique à vontade!
Obs 2: Recomendo fortemente o filme Trabalho Interno!
Obs 3: Acredito que as grandes corporações são tão podres, corruptas e ineficiente quanto o setor público! Acho que o problema não é este ou aquele sistema econômico, mas sim, o gênero humano! Ô racinha viu!

Dune

It's simple to be complicated. The complicated is to be simple.

But you turned out to be more complicated than your reputation.

And I like complicated.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Latin lover


Zindagi Na Milegi Dobara is a 2011 bollywood's movie shot in Spain. As every indian movie, it's about love.


If there's an oriental culture similar to what latin culture represent for the ocidental world, it is the indian one. If there's any kind of bond between we and India, it isn't our emerging markets, it's our way of thinking of and falling in love.

And I just love this song. Thanks to the sundara laṛakī, Srishti!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

It's not about fun, it's about the truth!

Agonizante social-democracia
Rodrigo Constantino, O GLOBO

A crise financeira voltou a assombrar o mundo. Assim como em 2008, a busca por bodes expiatórios é automática. Os especuladores são o alvo preferido nessas horas. Mas poucos têm focado no cerne da questão. O que está em jogo é a própria sobrevivência de um modelo de sociedade: a social-democracia.O sonho “igualitário” conquista corações há séculos.

O socialismo foi seu grande experimento no século 20. Deixou um rastro de miséria, terror e escravidão por onde passou. Seus “órfãos” encontraram refúgio na social-democracia europeia, uma espécie de “socialismo light”. Todos teriam “direito” a uma vida digna, garantida pelo Estado.Buscando se perpetuar no poder, os políticos faziam leilões de promessas irrealistas. Aquele que oferecesse mais benesses ao maior número de pessoas seria eleito. As “conquistas” trabalhistas foram se amontoando, concomitantemente à perda de competitividade das economias. Todos passaram a esperar tudo do governo, de mão-beijada.

Se os produtos importados são mais baratos, o governo cria barreiras protecionistas. Se a produção agrícola é ineficiente, o governo oferece subsídios. Se a empresa falir, o governo a salva. Se a produtividade é baixa, o governo aumenta o salário por decreto. Se trabalhar duro é “desumano”, o governo limita a quantidade permitida de horas trabalhadas.A economia fica menos competitiva. O governo ataca os sintomas. Se o empregado é demitido, ele pode viver à custa do governo por vários anos. Ele conta com ampla rede de proteção, tudo “grátis”. O mecanismo de incentivos é perverso, desestimulando a produção e alimentando o parasitismo. Ser funcionário público, com mais privilégios ainda, torna-se a meta de muitos.Para agravar o quadro, o governo criou um verdadeiro esquema piramidal de Previdência Social. As pessoas se aposentam cedo, mesmo vivendo mais. E a aposentadoria guarda pouca relação com o que foi efetivamente poupado durante os anos trabalhados. Trata-se de um esquema Ponzi de transferência de recursos.

 Esta ilha da fantasia pode ser mantida enquanto houver demografia favorável. Mas, inevitavelmente, a conta terá de ser paga. O inverno um dia chega para as cigarras. Com o envelhecimento da população, o sistema implode. A entrada da China na globalização foi responsável por um dos maiores choques de produtividade da história. São milhões de formigas dispostas a produzir tudo mais barato. Os bancos centrais, cúmplices dos governos deficitários, puderam manter estímulos artificiais sem grandes impactos na inflação. O mundo todo crescia. Era a “Grande Moderação”. As cigarras estavam felizes.Mas o inverno chegou. A bolha de crédito explodiu, sendo absorvida por governos já demasiadamente endividados. O déficit fiscal saiu de controle, e a dívida pública passou de 100% do PIB em alguns casos. Com carga tributária já na casa dos 50% do PIB, os governos ficaram sem margem de manobra. Resta cortar drasticamente os gastos públicos, desmontando o Estado social.Claro que este encontro com a dura realidade incomoda muita gente. Inúmeras pessoas se acostumaram com a “dolce vita” das cigarras. A tensão social cresce visivelmente nas ruas. A alternativa tentadora é imprimir moeda.

Mas a Europa não conta com a mesma flexibilidade dos EUA, e a Alemanha representa um obstáculo à “solução” inflacionária. Ela já viu o diabo da hiperinflação de perto e sabe como ele é feio. Não há saída fácil para esta sinuca de bico. A crise é fruto de décadas de gastos públicos crescentes, gradual perda de competitividade econômica e envelhecimento populacional. O euro, uma criação política, fez os países mais irresponsáveis ganharem tempo. Mas chegou a hora da verdade.

O modelo de bem-estar social europeu está em xeque, ainda que Obama queira seguir no mesmo caminho. Por isso o Tea Party gera tanta revolta. Os social-democratas gostariam de crer que é possível viver eternamente no conto de fadas. Estão apavorados com a idéia de que finalmente a fatura dos anos de farra irresponsável chegou. Com juros. “No longo prazo estaremos todos mortos”, disse um dos ícones desta mentalidade hedonista. Mas o longo prazo chegou. E se Keynes já morreu, muitos ainda estão vivos. É a social-democracia keynesiana que corre risco de vida.

E o Brasil? Seguimos aqui o mesmo modelo falido. Enquanto a China e a demografia ajudarem, a farra poderá continuar. Mas um dia a fatura chegará para os brasileiros também. Podem anotar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Velho e o Mar

..."Isto acabará por mata-lo", pensou o velho. "Não pode continuar assim toda a vida." Mas quatro horas depois o peixe ainda continuava a nadar compassadamente para o largo, rebocando a canoa, e o velho continuava firmemente instalado com a linha pelas costas e as duas mãos a segurá-las com quanta força tinham ainda seus velhos músculos.
- Era meio-dia quando o pesquei, disse. E ainda nem sequer o vi.
Puxara o chapéu de palha dura para frente antes de agarrar o peixe e agora estava a cortar-lhe a testa. Tinha sede também e ajoelhou-se, com cuidado para não abanar a linha, movendo-se dificilmente para onde estava a garrafa de agua que finalmente conseguiu agarrar com uma mão. Abriu-a e bebeu um trago. Depois encontou-se ao mastro. Ficou sentado, descansando, e tentou não pensar: apenas aguentar.
Depois olhou par atrás e verificou que já não via terra. "Não faz diferença", pensou. "Para voltar posso sempre guiar-me pelo resplendor de Havana. Ainda faltam duas horas par ao pôr do Sol e pode ser que ele venha à tona antes disso. Se assim não for, pode ser que venha para cima com a lua. E se isso também não acontecer, pode ser que se decida a vir à tona com o nascer do Sol. Não tenho cãimbras e sinto-me forte. Quem tem o anzol na boca é ele. Mas que peixe dve ser para puxar desta maneira! Deve ter a boca fechada sobre o anzol. Gostaria de poder vê-lo. Gostaria ver uma só vez para saber o que tenho pela frente."...


Muita vontade de ir pra Cuba, fugir deste frio besta!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Futebol

Das planícies sul americanas, do coração do Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton "A Enciclopedia do Futebol" Santos, Zagallo, Zito, Didi, Garrincha, Pelé e Vavá:



domingo, 7 de agosto de 2011

Andança

Me parece a trilha sonora perfeita pra fechar esta agradável surpresa que foi este domingo de Sol no meio do friorento inverno curitibano! Bom começo de semana pra todos!


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Le Mépris II

J'ai remarqué que plus on est envahi par le doute, plus on s'attache à une fausse lucidité d'esprit avec l'espoir d'éclaircir par le raisonnement ce que le sentiment a rendu trouble et obscur.

-

Notei que quanto mais duvidávamos, mais voltávamos a uma falsa lucidez. Na esperança de racionalizar, sentimentos ficaram turvos e obscuros.

Le Mépris

sábado, 30 de julho de 2011

let's do it...

...let's fall in love.


Hoje vi Midnight in Paris.
Que filme!

Olha, nem sou fã de Woody Allen, mas mexeu tanto comigo...

I'm sure sometimes on the sly you do it
Maybe even you and I might do it
Let's do it, let's fall in love




Fica aí o gostinho do filme, com Ella Fitzgerald.

Le Mépris

- How can you be so pretty when wake up?
- Sleeping
- Do you hate me?
- No
- Do you like me?
- I don't know you.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Saudade

Ontem conversando com meu novo amigo argentino e outros espanhóis, caímos no assunto saudade. Tenho um certo orgulho de falar a única língua no mundo onde a palavra "saudade" existe. Acho deveras estranho que um sentimento tão caro ao ser humano (aqui presumo), só exista em nossa língua. Fico-me perguntando e imaginando. Será que outros "povos" desconhecem o sentimento ou preferem evitá-lo? Ou talvez não o considerem importante... É estranho. E então penso em todas as músicas e poesias brasileiras e portuguesas que falam de saudade e novamente surge a indagação. Como os poetas de outros idiomas tratam do tema? Talvez possa se distinguir a saudade em seus diversos aspectos (nostalgia, tristeza, melancolia, falta). E talvez seja mais objetivo, mas será que retrata a mesma coisa?

E aí me pego pensando na teoria neurolinguística do livro Snow Crash, que diz que a língua precede a personalidade. Algo como se a língua fosse a linguagem de programação para programar nossa personalidade. Me sinto estranho. Podemos pensar em algo que não existe em palavra? Pessoas com mais vocabulário tem pensamentos mais complexos? Será que falta ao português alguma palavra que retrata algum sentimento? Quantos sentimentos não conhecemos por nos faltar alguma palavra?

Ouço novamente o último cd do Marcelo Camelo, Toque Dela, e percebo claramente que a saudade é um tema central. Quão bela é a língua portuguesa. Alguém conhece um bom livro de linguística?


Liberdade

Com a participação extraordinária de Dominguinhos:

Tentação totalitária

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Você se considera uma pessoa totalitária? Claro que não, imagino. Você deve ser uma pessoa legal, somos todos.

Às vezes, me emociono e choro diante de minhas boas intenções e me pergunto: como pode existir o mal no mundo? Fossem todos iguais a mim, o mundo seria tão bom... (risadas).

Totalitários são aqueles skinheads que batem em negros, nordestinos e gays.

Mas a verdade é que ser totalitário é mais complexo do que ser uma caricatura ridícula de nazista na periferia de São Paulo.

A essência do totalitarismo não é apenas governos fortes no estilo do fascismo e comunismo clássicos do século 20.

Chama minha atenção um dado essencial do totalitarismo, quase sempre esquecido, e que também era presente nos totalitarismos do século 20.

Você, amante profundo do bem, sabe qual é? Calma, chegaremos lá.

Você se lembra de um filme chamado "Um Homem Bom", com Viggo Mortensen, no qual ele é um cara legal, um professor universitário não simpatizante do nazismo (o filme se passa na Alemanha nazista), e que acaba sendo "usado" pelo partido?

Pois bem. Neste filme, há uma cena maravilhosa, entre outras. Uma cena num parque lindo, verde, cheio de árvores (a propósito, os nazistas eram sabidamente amantes da natureza e dos animais), famílias brincando, casais se amando, cachorros correndo, até parece o Ibirapuera de domingo.

Aliás, este é um dos melhores filmes sobre como o nazismo se implantou em sua casa, às vezes, sem você perceber e, às vezes, até achando legal porque graças a ele (o partido) você arrumaria um melhor emprego e mais estabilidade na vida.

Fosse hoje em dia, quem sabe, um desses consultores por aí diria, "para ter uma melhor qualidade de vida".

E aí, a jovem esposa do professor legal (ele acabara de trocar sua esposa de 40 anos por uma de 25 -é, eu sei, banal como a morte) o puxa pelo braço querendo levá-lo para o comício do partido que ia rolar naquele domingão no parque onde as famílias iam em busca de uma melhor qualidade de vida.

Mas ele não tem nenhuma vontade de ir para o comício porque sente um certo "mal-estar" com aquilo tudo. Mas ela, bonita, gostosa, loira, jovem e apaixonada (não se iluda, um par de pernas e uma boca vermelha são mais fortes do que qualquer "visão política de mundo"), diz: "Meu amor, tanta gente junta querendo o bem não pode ser tão mal assim".

É, meu caro amante do bem, esta frase é uma das melhores definições do processo, às vezes invisível, que leva uma pessoa a ser totalitária sem saber: "Quero apenas o bem de todos".

Aí está a característica do totalitarismo que sempre nos escapa, porque ficamos presos nas caricaturas dos skinheads: aquelas pessoas, sim, se emocionavam e choravam diante de tanta boa vontade, diante de tanta emoção coletiva e determinação para o bem.

Esquecemos que naqueles comícios, as pessoas estavam ali "para o bem".

Se você tem absoluta certeza que "você é do bem", cuidado, um dia você pode chorar num comício achando que aquilo tudo é lindo e em nome de um futuro melhor.

E se essa certeza vier acompanhada de alguma "verdade cientifica" (como foi comum nos totalitarismos históricos) associada a educadores que querem "fazer seres humanos melhores" (como foi comum nos totalitarismos históricos) e, finalmente, se tiver a ambição política, aí, então, já era.

Toda vez que alguém quiser fazer um ser humano melhor, associando ciência (o ideal da verdade), educação (o ideal de homem) e política (o ideal de mundo), estamos diante da essência do totalitarismo.

O que move uma personalidade totalitária é a certeza de que ela está fazendo o "bem para todos", não é a vontade de destruir grupos diferentes do dela.

Primeiro vem a certeza de si mesmo como agente do "bem total", depois você vira autoritário em nome desse bem total.

O melhor antídoto para a tentação do totalitarismo não é a certeza de um "outro bem", mas a dúvida acerca do que é o bem, aquilo que desde Aristóteles chamamos de prudência, a maior de todas as virtudes políticas.

Não confio em ninguém que queira criar um homem melhor.

domingo, 17 de julho de 2011

Matadouro 5

Um tipo de sacada genial: " ... Era um filme sobre bombardeiros americanos na 2a Guerra Mundial e os homens corajosos que os pilotavam. Vista de trás para frente por Billy, a história era assim: Aviões americanos cheios de buracos e homens feridos e cadáveres decolavam de costas de um campo de pouso da Inglaterra. Sobre a França, alguns caças alemães voaram na direção deles ao contrário e sugaram as balas e fragmentos de bombas dos aviões e dos tripulantes. Fizeram o mesmo com bombardeiros americanos no solo, que decolaram de costas para se unirem à formação.
A Formação voava de costas sobre uma cidade alemã em chamas. Os bombardeiros abriram os alçapões das bombas, empregaram um magnetismo milagroso que diminuiu as chamas , reunindo-as em recipientes cilíndricos de aço e atraiu os recipientes para os bojos das aeronaves. Os recipientes foram perfeitamente armazenados em prateleiras... .
Quando os bombardeiros voltaram à base, os cilindros foram tirados de suas prateleiras e despachados de volta para os Estados Unidos da América, onde as fábricas estavam funcionando noite e dia, desmontando os cilindros e separando o conteúdo perigoso em minerais. Um ponto tocante era o fato de que o trabalho era realizado principalmente por mulheres. Os minerais foram então enviados para especialistas em regiões remotas. A função deles era armazena-los no chão e esconde-los com cuidado, para que nunca mais voltassem a ferir ninguém
Os pilotos americanos devolveram seus uniformes e se tornaram garotos do secundário. E Hitler se transformou num bebê, supôs Billy Pilgrim. Isso não estava no filme. Billy estava extrapolando. Todo mundo virou bebê, e toda a humanidade, sem exceção, conspirou biologicamente para produzir duas pessoas perfeitas chamadas Adão e Eva..."
Trecho retirado do livro Matadouro 5, escrito pelo Kurt Vonnegut.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Por que sou liberal


Recentemente, um amigo esquerdista instou-me a explicar por que sou um liberal. Respondi que, ao contrário do que muita gente pensa, minha opção pelo liberalismo não é utilitarista, como a de Mises, David Friedman e muitos outros, embora eu realmente considere que as organizações sociais liberais são as mais eficientes para o bem estar geral de qualquer sociedade. Minha opção pelo liberalismo está fincada, acima de tudo, em princípios e valores morais.
Antes de continuar, deixe-me esclarecer o que são princípios e valores, para efeito deste artigo, já que muita gente costuma (intencionalmente ou não) confundir os dois conceitos. Colocando de forma simples e prática, valores estão relacionados com fins, com objetivos, enquanto princípios vinculam-se a meios, preceitos morais e éticos que norteiam as nossas ações. Valores são qualidades e/ou propriedades escalares, dependentes de avaliações subjetivas, enquanto princípios são determinantes rígidos de conduta. Tal distinção é muito importante para mostrar que princípios podem ser absolutos, enquanto valores serão sempre relativos.
Muitos dos críticos do liberalismo assumem, como premissa básica de seus argumentos, que “liberdade” e “propriedade” seriam “princípios fundamentais” do liberalismo, para, a partir daí, demonstrarem que aqueles “princípios” não podem, de fato, fundamentar qualquer doutrina ou filosofia, porque não são absolutos.
A verdade é que, para efeito da filosofia liberal, nem liberdade, nem propriedade e nem mesmo a vida são considerados princípios, mas essencialmente valores. Embora a vida, a liberdade e a propriedade sejam valores muito caros aos liberais, conflitos entre eles e deles com outros valores podem ser frequentes. De fato, não há valores absolutos, nem mesmo a vida. Nada impede que um autêntico liberal sacrifique a própria vida em nome da vida de um terceiro ou de outros valores, como fez o cubano Zapata, morto recentemente após longa greve de fome. Para ele, a liberdade era um valor maior até que a própria vida. Quantos pais não seriam capazes de sacrificar a própria vida para salvar um filho? A justiça, por seu turno, como bem exemplificou Isaiah Berlin, pode ser um valor precioso para muitos liberais, porém, em determinados casos, nada impede que outros valores se choquem com ela - como a clemência ou a compaixão - e acabemos optando pelo perdão, no lugar da condenação.
Já os princípios dizem respeito a meios, a formas de conduta. A "não agressão", por exemplo, é um princípio moral absoluto para os liberais. Será que outros princípios podem, legitimamente, conflitar com ele? Pode ser legítimo, para um liberal, matar, roubar ou escravizar outro homem? Eu acho que não. Com efeito, se a vida é um valor; o direito (meu e dos outros) à vida é um princípio (que legitima inclusive a legítima defesa). Se a liberdade é um valor; o direito à liberdade (meu e dos outros) é um princípio. Assim é também com a propriedade. É legítimo que eu cometa suicídio, mas jamais será legítimo que eu cometa homicídio. É legítimo que eu doe as minhas propriedades, mas jamais será legítimo que alguém não autorizado as doe por mim. Num certo sentido, portanto, os princípios liberais servem muito mais para identificar aquilo que não devemos fazer do que propriamente conduzir as nossas ações positivas.
Como visto acima, são vários os princípios de fundamento da filosofia liberal, mas o mais comum, sem dúvida - pois de certa maneira abrange todos os outros - é o princípio da "não-agressão". De forma simples, você pode fazer o que bem quiser com sua vida, sua liberdade e sua propriedade, desde que você não inicie agressão contra a vida, a liberdade ou a propriedade de ninguém. Diante do enunciado acima, quase todo mundo diz: “concordo plenamente, mas…”
... e os pobres? Precisamos redistribuir a renda para atenuar o sofrimento deles, dirão os esquerdistas. Para isso, é preciso tirar recursos de Pedro para entregar a Paulo.
... e os usuários de drogas? Precisamos evitar que eles destruam as próprias vidas, dirão os conservadores. Proibam-se as drogas.
... e os desempregados? Precisamos evitar que os patrões demitam os trabalhadores, dirão novamente os esquerdistas.
... e (preencha aqui a sua causa favorita)? Precisamos que o estado roube ou escravize alguns, em benefício de outros, porque os resultados serão bons, dirão muitos, ainda que não exatamente com essas palavras.
O problema do relativismo moral - ou a não aceitação de princípios absolutos - é que as exceções acabam se tornando regras, de acordo com as conveniências de cada um. Todos estarão de acordo com o princípio da não-agressão, contanto que cada um esteja isento dele, em nome de uma exceção “razoável”. A essência da chamada “cláusula de escape”, entretanto, é a fuga da moralidade e a justificação da injustiça. É a quebra intencional de nossa bússola moral para que possamos ser liberados dos ditames e princípios universais: é errado roubar, ferir, escravizar ou matar outro ser humano.
Mas além dos princípios, o liberalismo que defendo também tem a ver com (des)crenças e valores. Em termos sucintos, desconfio de objetivos gerais a serem obtidos por leis ditadas pelo estado ou por normas positivas que pretendam transformar as pessoas em seres melhores. Ao contrário, acredito essencialmente em ordens sociais espontâneas. O liberalismo, ademais, coloca em foco não o povo, mas cada indivíduo, sendo este um valor mais alto que qualquer coletividade. Sociedade, estado, igreja, empresas e associações diversas são apenas ferramentas para que o indivíduo possa alcançar outros fins. Para os liberais uma sociedade é boa quando seus povos são formados por pessoas livres, sem entraves em seus caminhos pela busca da felicidade.
O liberalismo me atrai ainda porque busca compreender a natureza do ser humano como um guia básico para a vida social, ética e política. Entendemos que a essência do ser humano só pode se materializar através da liberdade, daí estarmos intrínseca e indissociavelmente ligados a ela. Com efeito, todo sacrifício da liberdade - que surge da dominação e da coerção - destrói uma parte do nosso ser. Por mais que isso possa chocar a alguns, eu creio que a liberdade é um valor superior à família, aos amigos, à sociedade, às organizações, às igrejas e aos estados.
Sou liberal porque não pretendo fabricar a felicidade ou bem-estar de ninguém por meio da coerção estatal ou de qualquer instituição ou associação que domine e reprima o indivíduo (a pessoa, o sujeito, o cidadão). Tal pretensão leva, invariavelmente, a uma confusão entre meios e fins. O estado utiliza a violência como um meio e os liberais sabem que, se permitirmos que ele utilize seus meios violentos, na esperança de atingir os objetivos da felicidade ou bem-estar geral, estaremos destruindo a liberdade.
Finalmente, sou liberal porque não tenciono eliminar as falhas cotidianas e limitações humanas usando a força ou o poder do estado ou de qualquer outra instituição. Entendo que os seres humanos devem ser livres para escolher entre o bem e o mal. Acima de tudo, eles devem ser livres para cometer erros. Jamais poderemos ser seres morais sem tomar decisões por e para nós mesmos. Sou liberal porque esta doutrina não pretende impor sanções sobre as crenças, os discursos, as roupas, as manifestações artísticas, o consumo ou o comportamento sexual de quem quer que seja. Enfim, sou liberal porque sou contra a utilização dos poderes do estado para criar idealizações terrenas de sociedades perfeitas. Isto não só é impossível, como atenta contra a personalidade livre e criativa do ser humano.