terça-feira, 31 de agosto de 2010

Menor teste político do mundo

Aproveito a deixa das eleições para registrar o menor teste político do mundo:
http://www.theadvocates.org/quiz

O resultado é um pouco diferente do padrão Esquerda x Direita, pois é baseado no Diagrama de Nolan, um espectro político mais amplo. O Diagrama distingue o posicionamento político tanto em termos econômicos ("socialistas" x "capitalistas") como em termos sociais (liberdades individuais x controle estatal), representado pelo eixo vertical. Obviamente, por ser pequeno e rápido ele dá apenas uma ideia geral. Além de tender ao libertarianismo.
Este é o Diagrama.



O QUE SIGNIFICA O SEU RESULTADO NO DIAGRAMA?
Liberais
Apóiam uma grande gama de liberdades; entre elas, a liberdade de escolha nas matérias de ordem pessoal e nas relações econômicas. Acreditam que a única verdadeira obrigação do estado é a proteção contra a coerção e a violência. Valorizam as responsabilidades individuais e toleram a diversidade econômica e social.
Social-Democratas
Abraçam a liberdade de escolha nas questões pessoais, mas apóiam a centralização das decisões econômicas. Desejam que o governo dê ajuda aos necessitados em nome da justiça social. Toleram a diversidade social, mas lutam pelo que chamam de “igualdade econômica”.
Conservadores
São a favor da liberdade de escolha nas questões econômicas, mas defendem padrões oficiais nas matérias de ordem pessoal. Tendem a apoiar o livre mercado, mas freqüentemente desejam que o estado defenda a comunidade naquilo que vêem como ameaça à moralidade ou à estrutura da família tradicional.
Centristas
Favorecem a intervenção seletiva do estado e enfatizam o que comumente descrevem como “solução prática” para dirimir problemas correntes. Tendem a manter um pensamento aberto em questões políticas. Muitos centristas atribuem ao governo a responsabilidade de impor limites às liberdades excessivas
.
Nacional-Estatistas
Defendem uma maior responsabilidade estatal no controle da economia, dos indivíduos e da sociedade. Apóiam um planejamento centralizado, e freqüentemente questionam a liberdade de escolha nas questões individuais. Na parte inferior do diagrama, os autoritários de esquerda são usualmente chamados de socialistas, enquanto que os autoritários de direita são chamados defascistas.

NOTA DO EDITOR
O teste acima faz jus ao seu nome – é realmente muito breve -, mas o consideramos muito objetivo e relativamente preciso. Registre, se possível, no espaço reservado aos comentários, a sua opinião. As terminologias utilizadas são adequadas ao Brasil. A “Terceira Via” localiza-se próxima à intersecção entre o liberalismo, a social-democracia e o centro. Nos Estados Unidos, os liberais são chamados de “libertários”(libertarians), enquanto os social-democratas também são conhecidos como “liberais de esquerda” (left-liberals).


Crédito da tradução: Marcus Mayer - http://marcus-mayer.com/blog/2008/11/12/o-menor-teste-politico-do-mundo/

Eleições II

Resultado da minha afinidade política:


PARANÁ

Ver resultado por partido
Nome
Afinidade %
Partido Atual
Candidato Reeleição?
A que Cargo?
Nome da Campanha
Partido
Número
Site Oficial
Info
163,89DEMSimDEM2550


Que merda. O cara que mais poderia me representar, me representa em apenas 63,89%. Isto relativo a estas questões atuais, agora imagine em questões realmente relevantes. Tenso!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eleições

Eu sempre penso que existem muito poucas ferramentas de acesso fácil, que nos ajudem a escolher nossos candidatos. Uma boa iniciativa é a deste site: www.votoaberto.com.br/extratoparlamentar !
Nele, você mede a sua afinidade política com a dos deputados e dos partidos políticos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pagliacci

Eu não sou um grande fã de ópera, porém, algumas árias famosas sempre são interessantes de se ouvir. Quem nunca ouviu Habanera? Quem nunca achou "La Donna e Mobile" uma canção engraçada? Mesmo que você não saiba o nome, com certeza já ouviu uma destas duas! Ambas são presenças constantes em desenhos animados, filmes, novelas, seriados, etc, etc, etc.
A ópera Pagliacci, de Leoncavallo, conta a historia de uma trupe de artistas que esta encenando uma peça em uma vila na Itália. Nesta peça tem um Palhaço e sua esposa, que são marido e mulher na vida real. Entenderam? É uma peça, dentro de uma peça! A esposa do Palhaço o trai com outro, o que é motivo de risos para todos! Porem, na vida real também acontece uma traição! E é logo depois de descobrir que não só seu personagem esta sendo vítima de adultério, que sua esposa realmente tem um amante, que acontece a ária abaixo! O nome da ária é Vesti La Giubba!



Obs interessante: Esta ária já foi interpretada por diversos tenores famosos, alem do Pavarotti o Enrico Caruso, Placido Domingos e Sideshow Bob, o serial killer dos simpsons!

Citações

"Eu não gosto do calor... Mas é melhor sentir calor, do que morrer e não ver o Verão chegar!"
Joao

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nostalgia, paradoxo e desejo.

O filme é The Four horsemen of the Apocalypse (1921), de Rex Ingram. 
O cara é Rudolph Valentino, considerado o primeiro grande galã do cinema.
A música é La Cumparsita, um tango muito famoso.
O tango é muito bom, mas foi "colado" no vídeo pela pessoa que fez a edição e postou no youtube, pois o filme é mudo. Eu nunca vi este filme inteiro, na verdade não conheço nenhuma obra desse diretor e não tenho nenhum interesse por filmes velhos. A dança em si não é nada espetacular, não há nenhuma pirueta mirabolante ou duplo twist carpado invertido. Mas há algo de muito mágico neste vídeo, há algo que desperta emoções fortíssimas. 
Os primeiros 10 segundos me fascinam. Dizem por aí que a dança é uma expressão vertical de um desejo horizontal. Eu não concordo ipsis litteris mas acho que essa expressão é muito feliz ao traduzir a dançar como um ato de desejo. 
Desejo sexual mesmo, que pra mim fica claro no momento em que Valentino, com todo seu garbo, puxa a moça junto de si fazendo com que ela se entregue a ele, literalmente. Neste exato instante ela fica na ponta dos pés, e todo o seu equilíbrio está no parceiro. É um simbolismo muito forte e me traz muitas analogias a mente. 
A cena segue numa catarse simbólica. O ambiente enfumaçado do que parece ser um cabaré está repleto de coadjuvantes, que sem nenhum motivo aparente para estarem ali, contribuem aplaudindo, sorrindo, tocando...
Este vídeo me leva a pensar tantas coisas únicas cada vez que o assisto que por alguns instantes chego a sentir que eu estive lá, junto àquelas pessoas que já devem estar, há muito, mortas; assistindo aquele casal dançando seu tango que poderia simbolizar toda uma vida.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Musicas boas, interpretações poderosas!

Com apenas 18 anos, Maria Bethania estreia nos palcos! Deviamos considerar o ventre da Dona Canô patrimonio da humanidade! Por mais estranho e doentio que isto possa parecer.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Lutando na Espanha


Pegando carona no post Blue Dot, eu fico pensando como hipervalorizamos nossa vida, nossas realizações, e como estamos dimensionalmente errados por acreditar no valor da nossa existencia. Nós subtraimos a Etica, a Moral, nossos ideais, nossa historia, em troca de continuarmos vivos! Quando eu olho para tras e vejo historias como a deste livro, de pessoas que não suportavam ver seus ideais seres destrinchados, de verem a injustiça, a ponto de colocar sua vida à prova para fazer valer o que elas achavam justo, isto me parece mais grandioso do que qualquer vida.

Neste livro George Orwell, um comunista ferrenho, conta como foi sua participação na guerra civil espanhola, que transcendeu as fronteiras da Espanha, se transformando em uma guerra de ideais.
Alem de uma percepção mais proxima de um fato historico, o linguajar despojado e o senso de humor britânico do George Orwell fazem valer cada ml de tinta gasto na impressão deste livro!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cartola - Preciso me encontrar

Citações

"A pain stabbed my heart, as it did every time I saw a girl I loved who was going the opposite direction in this too-big world." 
— Jack Kerouac (On the Road)

Músicas boas, interpretações poderosas!

As cores amarelas, a percussão e o rosto negro africano da Nina Simone deixam tudo, mas tudo mais intenso nesta musica!!

Silêncio

Por Ju Zonatto - Link pro Blog da Ju

Quando eu tinha os meus 15 anos, eu detestava o silêncio, pra mim era incômodo calar meus instintos. Os anos se passaram, as pessoas calaram até os ouvidos e agora noto que acabei me tornando uma daquelas pessoas silenciosas.
Ás vezes eu procuro nos meus cadernos velhos sobras de tudo que eu queria ter dito, vejo páginas arrancadas e me lembro das coisas que eu disse e ninguém ouviu, e a medida que eu fui trocando, vejo que o silêncio foi ficando mais intenso, e as páginas em branco passaram a ser mais recorrentes.

O silêncio, o maldito silêncio que eu odiava nas pessoas, que me fazia achar que elas eram vazias porque não gritavam pro mundo a porra da insatisfação que elas sentiam, que me fazia achar que elas eram frias porque quem em sã consciência iria ver o amor fugindo e não lutaria, essas pessoas que eram silenciosas demais, esse silêncio que acabou tomando conta de mim e me faz esconder das pessoas o tamanho de tudo que tem dentro de mim, e eu tenho vontade de falar tanta coisa, mas é assim que é, dolorido e solitário ser gente.

Pale Blue Dot

We are too small! Carl Sagan FTW!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Ultima Cronica

Como tirar algo tão emocionante do cotidiano? Com as palavras, o mestre:

A Ultima Cronica
Por Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Citações

Trecho de:


Eu vou tirar você do dicionário
Alice Ruiz


Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário
e no seu lugar
vou colocar outro absurdo
Eu vou tirar suas impressões digitais
da minha pele
Tirar seu cheiro
dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática
Eu vou tirar você de mim

A Ladeira

Por Luiz Felipe Pondé
 Nós estávamos unidos no mundo; prazer e dor, ela e eu; Chamam isso de desejo

Lembro-me de seu rosto, de seu choro, de seus gritos. Era uma dessas mulatas que povoam o mundo de qualquer menino nordestino. Eu, menino da elite branca, sentado no banco de trás do carro de meu pai, com meus oito anos, assistia sua agonia.

Ela, de joelhos na ladeira, gritava de dor enquanto segurava, entre as pernas, a cabeça de uma criança que forçava entre sangue e urina, sua entrada no mundo.
Assim vi, pela primeira vez, o nascimento de uma criança. Sua agonia me chamou a atenção. São as mulheres condenadas a essa dor? Mais tarde entendi que era isso que me assustava na cena. O próprio sentido do mundo se dividir entre homens e mulheres era ainda uma idéia vaga.

De alguma forma essa cena me iniciou no que mais tarde ouvi chamar de condição feminina: correr o risco de gritar sozinha numa ladeira. Logo entendi que este era um mundo do qual eu estava protegido: jamais cairia numa ladeira por aquela razão.

Minha simpatia era inteira para aquela infeliz, a criança era mero detalhe. Mulheres carregavam bebês na barriga! Até então, não sabia ao certo a forma como os bebês vinham ao mundo. De certa forma, aquela cena marcou minha entrada do mundo de homens e mulheres.

Durante dias tive aquela imagem na memória. Havia uma beleza brutal naquela mulher corajosa e sozinha na ladeira. Todas as mulheres à minha volta eram ela.
Muito do que penso hoje é fruto de fatos assim. Daí minha tendência incontrolável em confiar mais nas sensações primitivas do que em idéias. Aquela sensação sempre me acompanha quando o tema é "condição feminina".

Dois outros fatos se somariam a este para compor, finalmente, minha entrada no mundo de homens e mulheres. Certa feita, uma confusão tomou conta dos fundos da minha casa. Na minha memória, foi logo após aquela mulher da ladeira. Talvez essa proximidade temporal seja apenas truques do inconsciente. Uma empregada estava de repente "doente". Desmaiara no banheiro dos fundos da casa. Uma correria invadiu o mundo das mulheres à minha volta.

Algumas horas depois, fui sorrateiramente ao quarto da empregada e a vi deitada encolhida na cama, chorando. Algo no banheiro dela o tornava território proibido. Não sei se vi ou se pensei que vi, mas lembro-me daquela coisa ensangüentada no chão. Ela perdera a criança. A mulher na ladeira e a minha empregada, de repente, eram uma só.
Definitivamente o mundo agora estava dividido em dois tipos de gente: os que carregam bebês na barriga e de repente gritam de dor, e os que assistem a esse sofrimento. Deus tinha decidido que eu não era do tipo que passaria por aquele sofrimento. Mas algo me dizia que eu devia ter algo a ver com aquilo.

Um dia, conheci uma colega nova de classe. Logo a achei maravilhosamente linda. Sua simples presença enchia a escola de encanto. Ela era uma daquelas que carregariam bebês na barriga. Temia por ela também. Com o passar do tempo, impulsos de pegar nela me enchiam a cabeça. Depois compreendi que esta era a etapa do processo através do qual eu entenderia meu papel naquela cena da ladeira. Este papel começava com aquela vontade esquisita de pegar naquela menina linda que sentava ao meu lado na classe.

Mas a grande felicidade ainda estava por vir. Aquela coisa linda falava comigo! Na escola, passávamos horas conversando. Escutava com um interesse indescritível as aventuras com suas bonecas. A vontade de pegar nela era cada vez maior. O fato de me contar aquelas histórias significava pra mim que um dia ela deixaria eu pegar nela.

Não sei mais como fiz a importante descoberta final. Não foi graças a essa bobagem chamada educação sexual. Devo ter juntado cenas de TV, conversas ouvidas sorrateiramente entre as amigas de minhas irmãs mais velhas, revistas, enfim, o mundo começava a me educar, assim como tem feito há milhares de anos com todo mundo.

Entendi que as mulheres passavam por aquela dor porque homens tinham vontade de pegar nelas. E elas gostavam disso, por isso ficavam contando histórias para eles. Ali estava o elo: homens e mulheres tinham vontade de pegar uns nos outros e isso era a causa dos gritos, sangue e crianças. O que eu sentira por aquela mulher na ladeira me levou a olhar para minha linda colega com cuidado. Estávamos unidos no mundo. Prazer e dor, ela e eu. Chamam isso de desejo. Logo seria meu aniversário. Ela me deu um livro de presente! Era final de abril, quase maio. O ano, 1968.

O Poderoso Chefão

Todo homem deve assistir O Poderoso Chefão várias vezes ao longo da vida. A obra inteira contém ensinamentos de como devemos agir. Fora as babadas de espaguete, os tiroteios, as vinganças sanguinolentas e o sotaque carcamano, existe uma enorme filosofia por trás da Cosa Nostra.
Uma demonstração clara disto está no fim do primeiro filme, quando o Michael assume o controle da famiglia. Na cena, sua esposa o questiona se ele havia matado o cunhado, e ele responde: "Esta é a primeira e a última vez que eu falo alguma coisa sobre o meu trabalho: NÃO!". O fato é que ele havia matado o cunhado, porém, a sua esposa e familia não precisam arcar com este peso.
É óbvio que não estou falando que devemos sair por ai com capangas de terno, armados com metralhadoras Thompson ameaçando as pessoas, porém, todos nós temos problemas e precisamos tomar decisões, que talvez não sejam as melhores, mas decisões têm de ser tomadas e a responsabilidade é de quem as toma. Não é certo diluir sua responsabilidade, dividindo seu "karma" com as pessoas à sua volta.
Isto se resume, numa sábia frase que me foi repassada por meu primo, que de acordo com ele, foi proferida por alguém muito sábio e bem sucedido: "O problema das pessoas é que na hora de sentar no abacaxi, as pessoas não sentam no abacaxi!"
Capisce??!?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Janis

Oi. Eu ouvi Janis Joplin grande parte da minha infância, então talvez seja por isto que quando eu a ouço cantando me dê uma sensação de nostalgia de algo que eu nem lembro mais se vivi. O fato é que eu acho que ela devia ser uma daquelas pessoas tão mágicas que olhar pra ela devia ser hipnotizante. A voz dela era tão poderosa que ela podia ser feia do jeito que era, só pra compensar, e ninguém se importava. Sei lá.




quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Citações

Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher, solidão foi a única coisa que eu não senti, depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só. (Amyr Klink).

Save Ferris

Ferris Bueller: Life moves pretty fast. If you don't stop and look around once in a while, you could miss it. 

Meu limão, meu limoeiro!

Aumente o som!

Citações


Vou começar com a forma mais facil de parecer inteligente: citando outra pessoa: "A vida não é sobre o quão forte você consegue bater, mas sim o quanto você consegue apanhar e seguir em frente!" R. Balboa

Lágrimas Alcoólicas

E seguir fingindo sonhos encontrar...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O velho Friedman

Citações

Agenda

Lembrar de nunca deixar de ir a uma peça da Marcia (Maggi).
Este final de semana:
Capitu - Memórias Editadas. Excelente peça.
http://www.bemparana.com.br/index.php?n=152402&t=capitu-memoria-editada-estreia-em-curitiba

Pequenas ideias cotidianas

Eu acho que ao longo de um dia falamos muitas coisas que não precisam ser lembradas e pensamos muitas outras que merecem ser gravadas. Tenho a impressão de que o banal pode ser dito e o essencial deve ser mantido para si. Um acordo não verbal, um tabu, algo meio tácito.
Acho que o Twitter é reflexo disso. Inúmeras informações, de 140 em 140 caracteres, lançadas por minuto. Raras merecem espaço na nossa memória. É um lugar para o banal, assim como o cotidiano.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Citações

"We turned at a dozen paces, for love is a duel, and looked at each other for the last time." 
— Jack Kerouac


Esta citaçao é do On the Road, do Kerouac. Esse livro é tao bom e tao intenso que eu ainda nao tive coragem de acabar. Nao quero que ele chegue ao fim.

Citações

Eu acho que eu nunca esquecerei esta frase, mas devo registrá-la.


"...Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda..." - Cecília Meireles

Sobre Liberdade

Nao conte lá em casa é um programa sobre viagens. Este episódio é muito bom. Mostra um pouco sobre a realidade na Coreia do Norte. Eu nao fazia ideia de como o mundo pode ser tao diverso.
É impressionante como a loucura das massas se dao de formas tao diferentes.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Vídeos

Los hermanos - Casa Pré-fabricada.

Artigos - Pondé

Luiz Felipe Pondé - "Mrs. Dalloway"

Morava eu num kibutz em Israel. No final do dia de trabalho físico extenuante, lia na porta do meu quarto, ensaiando meus primeiros cachimbos. Durante alguns meses devorei livros da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941). Entre eles, um que me marcou excepcionalmente foi "Mrs. Dalloway", publicado em 1925.
Revi o maravilhoso "As Horas" (2002), com Nicole Kidman. E sempre quando vejo esse filme me lembro de como ela foi essencial, ainda que de modo pontual, em minha visão de mundo. No fundo, sempre suspeitei de que cada dia é mais um dia sob o risco de ser devorado pelo sentimento último da melancolia.
Às vezes na vida se faz necessário rompimentos com o cotidiano para que possamos ver melhor o sentido do que fazemos, ou a total falta de sentido. A vida se degrada facilmente na rotina de tentar mantê-la funcionando, por isso a derrota, como no livro "Mito de Sísifo" (1942), de Albert Camus, pode ser a condição necessária para a consciência repousar em paz consigo mesma. Vencer sempre pode ser um inferno.
Na época, atravessando minha primeira (de várias) crises com minha formação médica então em curso, busquei fugir para alguma fronteira do mundo. Trabalhei no deserto do Neguev algumas vezes e posso dizer que o pôr do sol no deserto vazio é uma experiência de dar inveja. A possibilidade de caminhar pelo deserto, como me disse certa feita o escritor israelense Amós Oz, refaz a alma porque vemos nosso rosto refletido na poeira. O deserto nos ensina a humildade, e a humildade é sempre imbatível. Humildade nada tem a ver com humilhação, mas, ao contrário, humildade fala da consciência de que somos efêmeros como o vento. E só como efêmeros que podemos perceber a dádiva que é respirar. Há um modo misterioso em como o deserto chama seu nome quando você está disposto a ouvi-lo.
Na época, já sabia que Virginia Woolf havia se suicidado e, por isso mesmo, quis conhecer sua obra. Nunca fui um deprimido clínico, mas sempre me surpreendi pelo fato de não sê-lo. Muitas vezes pareceu-me que, se fosse viver pelo que a razão me diz, já teria sucumbido à melancolia profunda. O que me encantou em Mrs.
Dalloway foi seu esforço em ser normal e feliz e acreditar em si mesma e na sua fidelidade à rotina. No dia em que se passa a história, ela organiza uma festa em sua casa. Manter a vida aí se equipara ao esforço descomunal de erguer uma festa quando, no fundo, ela se sente vazia e sem razões para festejar. Entre uma alma triste e uma rotina vazia, ela opta pela segunda como falta de escolha porque não pode confiar na tristeza.
Penso no número enorme de pessoas que se levantam pela manhã assim como quem carrega um corpo que não é seu. Mrs. Dalloway é o fim de quem ingenuamente acredita que as coisas sempre darão certo, bastando festejar a rotina comum. Não, a rotina é indiferente à nossa fidelidade, podendo nos destruir mesmo quando a servimos como a um senhor todo poderoso. O pesadelo de Mrs. Dalloway é se ver como estrangeira em sua própria alma.
Aprendemos com ela que a vida não é necessariamente bela e que tentar negar isso é uma forma de permanecer escravo de sua possível monstruosidade.
No fundo de nossa alma habitam monstros que a muito custo se mantêm em silêncio. Esses monstros, quando o mundo silencia, surgem na superfície mostrando o ridículo de nossa batalha diária.
Quantas vezes mulheres apenas suportam o choro de seus filhos, sofrendo no fundo da alma o horror que é ser obrigada a amá-los quando não sentem por eles nada parecido com amor materno, mas apenas o incômodo causado por aqueles pequenos intrusos em suas vidas.
Quantos homens sufocam diante da certeza de que já vivem uma vida sem amor, sem afeto e sem desejo, mas que isso é tudo que suportam ao lado de suas esposas. Quantos filhos sofrem por se sentir indiferentes para com o destino dos pais idosos, tentando convencer a si mesmos de que o amor pelos pais seria o certo, mas que nada conseguem além de desejar vê-los mortos e assim se sentirem livres finalmente.
Entre as funções da civilização, uma é a tentativa de calar esses monstros criando ritos, rituais, festas para celebrar a frágil vitória contra essas criaturas deformadas, atormentadas pelo completo desinteresse pela vida. A verdade é que não há como civilizá-las, a não ser ensiná-las que elas não têm lugar no mundo dos vivos e que, por isso, devem sucumbir à rotina da infelicidade como norma da vida.

Citações

As primeiras postagens serão para criar categorias. A primeira é de citações.

“ Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto, sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece pra quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”
(Amyr Klink)

Prólogo

Bom, ...ou ruim, eu pretendo não ter pretensões com este blog.
Acho que eu sempre quis ter um blog sobre alguma coisa. Mas como não tem nada que eu seja MUITO bom (apesar de ser melhor que você em quase tudo), eu nunca consegui escolher um tema para um blog.
A internet é um fenômeno fantástico e muitas vezes eu me pego procurando links e old stuff, que acabo não encontrando (apesar de que se eu não encontrei quer dizer que não acabei de procurar).

Por isso resolvi criar um blog, pra juntar as coisas que eu gosto. Apesar de que eu já faço o que eu pretendo aqui em menor escala numa comunidade fechada do orkut. Pelo menos aqui não corro o risco de perder tudo caso eu apague novamente meu perfil no orkut.
O nome é inspirado no Whole Earth Catalogue (http://www.wholeearth.com/index.php), que acabei reencontrando hoje. A primeira vez que vi sobre este catálogo foi num discurso do Steve Jobs (procurem no youtube). Hoje, vi o profile do criador do WEC no Edge.org (http://edge.org/digerati/brand/index.html), por recomendação do Marcos Elias no call diário da Empiricus. O que acabou me levando a pensar várias coisas, resultando na criação deste blog. 
O pungente veio da Carol (do Sala Sinestesia - http://salasinestesia.wordpress.com/) e caiu como uma luva. Não sei o que significa "caiu como uma luva". 
Como vivemos em um mundo digital (Anonymous, uni-vos!) talvez este blog sirva como uma raíz. Meu catálogo livre individual ... 

"Porque as rosas buscam na frente 
uma dura paisagem de osso 
e as mãos do homem não têm mais sentido 
senão imitar as raízes sob a terra." 
Da fuga - Frederico Garcia Lorca