quarta-feira, 26 de junho de 2013

A crise é politica!

                A atual crise política, evidenciada pela efervescência das ruas, é em grande parte resultado de um processo de descaracterização dos partidos políticos no processo eleitoral. Na busca de vender o seu peixe, os partidos abandonam seus projetos e suas convicções para se pautar em estratégias de vendas.
                Nas ultimas eleições majoritárias, aquelas que decidem no plano executivo do poder os governadores e o presidente, as principais discussões e embates foram no âmbito religioso e intimo: o candidato acredita em Deus, não acredita em Deus, é a favor do casamento gay, é contra o casamento gay. Questões que os marketeiros políticos, através das malditas pesquisas de opinião pública, entenderam serem as mais sensíveis para o eleitorado. Da mesma forma os programas políticos foram elaborados através de um processo mais próximo da criação de um produto cujo o objetivo é agradar o maior numero de consumidores, do que uma proposta de governo.
                Ora, não se governa através da opinião publica. Para exercer a política, fazem-se necessárias convicções políticas. Mais necessário ainda, transformar convicções políticas em ações práticas que consigam atender as demandas da sociedade. Seriam estes os fatores que deveriam estar em jogo no processo eleitoral.  Qual a melhor proposta para a gestão da verba do governo? Qual candidato vai melhorar o processo democrático? Qual candidato tem a melhor estratégia para o desenvolvimento econômico? De que forma os candidatos pretendem aumentar o acesso à justiça? Nenhuma destas questões foram abordadas no processo político das ultimas eleições.  
                E o problema do excesso de maquiagem na política, dificulta a escolha, inclusive nos meios mais intelectualizados, que são persuadidos através de técnicas mais elaboradas.  Neste caso, os chefes de campanha se utilizam da venda de ideologia para os eleitores: tal partido é de esquerda e tal partido é de direita. Ideologia por si só não faz ninguém mais honesto ou melhor gestor público.  Votar em um candidato ou partido somente por afinidade ideológica, sem uma análise mais profunda do histórico de PRÁTICAS e das proposições políticas, é tão inútil quanto votar em um político por ele acreditar em Deus ou não. 
                O resultado do processo político atual é a falta de identificação do eleitorado com as praticas políticas. Se os eleitores decidem seus votos através da similaridade de devoção religiosa, basta ao seu candidato continuar devoto da mesma religião, para que ele atenda às demandas políticas do seu eleitorado. Da mesma forma, se você define o seu voto através da afinidade ideológica, basta seu candidato se ater à ideologia propagada, que ele esta atendendo a sua demanda política. 
                Não é a toa que os políticos mandam as favas os problemas reais do país e focam quase que exclusivamente no jogo político fisiológico. Eles foram eleitos por eleitores que também mandam às favas os reais problemas do país e votaram mesquinhamente em candidatos que levantam a sua bandeira religiosa ou política.
                Só para exemplificar que ideologia e religião tem pouca importância na escolha dos candidatos, o presidente Abraham Lincoln, o presidente mais progressistas da historia dos EUA e ícone político era do conservador partido Republicano e o presidente Lyndon Johnson, responsável por intensificar a guerra do Vietnã , era do carismático partido Democrata. 
                 O presidente Richard Nixon, também retratado como vilão na guerra do Vietnã, era um Quaker, religião extremamente pacifista, e o laureado com o Nobel da Paz Jimmy Carter,  um defensor dos direitos humanos assim como do feminismo, era um evangélico Batista, que se desligou da sua congregação ao se opor às premissas religiosas de submissão das mulheres.