sábado, 30 de julho de 2011

let's do it...

...let's fall in love.


Hoje vi Midnight in Paris.
Que filme!

Olha, nem sou fã de Woody Allen, mas mexeu tanto comigo...

I'm sure sometimes on the sly you do it
Maybe even you and I might do it
Let's do it, let's fall in love




Fica aí o gostinho do filme, com Ella Fitzgerald.

Le Mépris

- How can you be so pretty when wake up?
- Sleeping
- Do you hate me?
- No
- Do you like me?
- I don't know you.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Saudade

Ontem conversando com meu novo amigo argentino e outros espanhóis, caímos no assunto saudade. Tenho um certo orgulho de falar a única língua no mundo onde a palavra "saudade" existe. Acho deveras estranho que um sentimento tão caro ao ser humano (aqui presumo), só exista em nossa língua. Fico-me perguntando e imaginando. Será que outros "povos" desconhecem o sentimento ou preferem evitá-lo? Ou talvez não o considerem importante... É estranho. E então penso em todas as músicas e poesias brasileiras e portuguesas que falam de saudade e novamente surge a indagação. Como os poetas de outros idiomas tratam do tema? Talvez possa se distinguir a saudade em seus diversos aspectos (nostalgia, tristeza, melancolia, falta). E talvez seja mais objetivo, mas será que retrata a mesma coisa?

E aí me pego pensando na teoria neurolinguística do livro Snow Crash, que diz que a língua precede a personalidade. Algo como se a língua fosse a linguagem de programação para programar nossa personalidade. Me sinto estranho. Podemos pensar em algo que não existe em palavra? Pessoas com mais vocabulário tem pensamentos mais complexos? Será que falta ao português alguma palavra que retrata algum sentimento? Quantos sentimentos não conhecemos por nos faltar alguma palavra?

Ouço novamente o último cd do Marcelo Camelo, Toque Dela, e percebo claramente que a saudade é um tema central. Quão bela é a língua portuguesa. Alguém conhece um bom livro de linguística?


Liberdade

Com a participação extraordinária de Dominguinhos:

Tentação totalitária

por Luiz Felipe Pondé para Folha


Você se considera uma pessoa totalitária? Claro que não, imagino. Você deve ser uma pessoa legal, somos todos.

Às vezes, me emociono e choro diante de minhas boas intenções e me pergunto: como pode existir o mal no mundo? Fossem todos iguais a mim, o mundo seria tão bom... (risadas).

Totalitários são aqueles skinheads que batem em negros, nordestinos e gays.

Mas a verdade é que ser totalitário é mais complexo do que ser uma caricatura ridícula de nazista na periferia de São Paulo.

A essência do totalitarismo não é apenas governos fortes no estilo do fascismo e comunismo clássicos do século 20.

Chama minha atenção um dado essencial do totalitarismo, quase sempre esquecido, e que também era presente nos totalitarismos do século 20.

Você, amante profundo do bem, sabe qual é? Calma, chegaremos lá.

Você se lembra de um filme chamado "Um Homem Bom", com Viggo Mortensen, no qual ele é um cara legal, um professor universitário não simpatizante do nazismo (o filme se passa na Alemanha nazista), e que acaba sendo "usado" pelo partido?

Pois bem. Neste filme, há uma cena maravilhosa, entre outras. Uma cena num parque lindo, verde, cheio de árvores (a propósito, os nazistas eram sabidamente amantes da natureza e dos animais), famílias brincando, casais se amando, cachorros correndo, até parece o Ibirapuera de domingo.

Aliás, este é um dos melhores filmes sobre como o nazismo se implantou em sua casa, às vezes, sem você perceber e, às vezes, até achando legal porque graças a ele (o partido) você arrumaria um melhor emprego e mais estabilidade na vida.

Fosse hoje em dia, quem sabe, um desses consultores por aí diria, "para ter uma melhor qualidade de vida".

E aí, a jovem esposa do professor legal (ele acabara de trocar sua esposa de 40 anos por uma de 25 -é, eu sei, banal como a morte) o puxa pelo braço querendo levá-lo para o comício do partido que ia rolar naquele domingão no parque onde as famílias iam em busca de uma melhor qualidade de vida.

Mas ele não tem nenhuma vontade de ir para o comício porque sente um certo "mal-estar" com aquilo tudo. Mas ela, bonita, gostosa, loira, jovem e apaixonada (não se iluda, um par de pernas e uma boca vermelha são mais fortes do que qualquer "visão política de mundo"), diz: "Meu amor, tanta gente junta querendo o bem não pode ser tão mal assim".

É, meu caro amante do bem, esta frase é uma das melhores definições do processo, às vezes invisível, que leva uma pessoa a ser totalitária sem saber: "Quero apenas o bem de todos".

Aí está a característica do totalitarismo que sempre nos escapa, porque ficamos presos nas caricaturas dos skinheads: aquelas pessoas, sim, se emocionavam e choravam diante de tanta boa vontade, diante de tanta emoção coletiva e determinação para o bem.

Esquecemos que naqueles comícios, as pessoas estavam ali "para o bem".

Se você tem absoluta certeza que "você é do bem", cuidado, um dia você pode chorar num comício achando que aquilo tudo é lindo e em nome de um futuro melhor.

E se essa certeza vier acompanhada de alguma "verdade cientifica" (como foi comum nos totalitarismos históricos) associada a educadores que querem "fazer seres humanos melhores" (como foi comum nos totalitarismos históricos) e, finalmente, se tiver a ambição política, aí, então, já era.

Toda vez que alguém quiser fazer um ser humano melhor, associando ciência (o ideal da verdade), educação (o ideal de homem) e política (o ideal de mundo), estamos diante da essência do totalitarismo.

O que move uma personalidade totalitária é a certeza de que ela está fazendo o "bem para todos", não é a vontade de destruir grupos diferentes do dela.

Primeiro vem a certeza de si mesmo como agente do "bem total", depois você vira autoritário em nome desse bem total.

O melhor antídoto para a tentação do totalitarismo não é a certeza de um "outro bem", mas a dúvida acerca do que é o bem, aquilo que desde Aristóteles chamamos de prudência, a maior de todas as virtudes políticas.

Não confio em ninguém que queira criar um homem melhor.

domingo, 17 de julho de 2011

Matadouro 5

Um tipo de sacada genial: " ... Era um filme sobre bombardeiros americanos na 2a Guerra Mundial e os homens corajosos que os pilotavam. Vista de trás para frente por Billy, a história era assim: Aviões americanos cheios de buracos e homens feridos e cadáveres decolavam de costas de um campo de pouso da Inglaterra. Sobre a França, alguns caças alemães voaram na direção deles ao contrário e sugaram as balas e fragmentos de bombas dos aviões e dos tripulantes. Fizeram o mesmo com bombardeiros americanos no solo, que decolaram de costas para se unirem à formação.
A Formação voava de costas sobre uma cidade alemã em chamas. Os bombardeiros abriram os alçapões das bombas, empregaram um magnetismo milagroso que diminuiu as chamas , reunindo-as em recipientes cilíndricos de aço e atraiu os recipientes para os bojos das aeronaves. Os recipientes foram perfeitamente armazenados em prateleiras... .
Quando os bombardeiros voltaram à base, os cilindros foram tirados de suas prateleiras e despachados de volta para os Estados Unidos da América, onde as fábricas estavam funcionando noite e dia, desmontando os cilindros e separando o conteúdo perigoso em minerais. Um ponto tocante era o fato de que o trabalho era realizado principalmente por mulheres. Os minerais foram então enviados para especialistas em regiões remotas. A função deles era armazena-los no chão e esconde-los com cuidado, para que nunca mais voltassem a ferir ninguém
Os pilotos americanos devolveram seus uniformes e se tornaram garotos do secundário. E Hitler se transformou num bebê, supôs Billy Pilgrim. Isso não estava no filme. Billy estava extrapolando. Todo mundo virou bebê, e toda a humanidade, sem exceção, conspirou biologicamente para produzir duas pessoas perfeitas chamadas Adão e Eva..."
Trecho retirado do livro Matadouro 5, escrito pelo Kurt Vonnegut.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011