terça-feira, 30 de novembro de 2010

Dois Corpos Que Caem

Eu lembro que algum tempo atrás, sempre à meia-noite, a tv cultura passava uma série chamada: Contos da Meia-Noite. O programa consistia em um ator ou uma atriz interpretando algum conto da literatura brasileira.
O conto que mais me chamou atenção foi: Ninho de Periquitos, de autoria do suicida Hugo de Carvalho Ramos, e interpretado pelo Antônio Abujamra. Infelizmente não consegui encontrar no youtube, portanto, segue o não menos interessante Dois Corpos Que Caem de autoria do João Silvério Trevisan, e interpretação do mesmo Antônio Abujamra.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

pensamento chicletoso

E eis que depois de escrever que Hate it Here estava na minha cabeça, fui ler a coluna do Antonio Prata, no Estadão. O tema? Coisas que grudam como chiclete. Taí:


Pensamento Chicletoso
Na maior parte das vezes é um trecho de música, mas pode ser também fala de filme, verso de poesia ou uma frase solta, sem qualquer sentido aparente - é o que, na falta de nome melhor, chamo de pensamento chicletoso. Ele chega sorrateiro, você nem percebe: quando se dá conta, já está lá, instalado no trapézio da consciência como um cunhado na poltrona da sua casa, numa tarde de domingo, grudado aos seus neurônios como chiclete na sola do sapato.

Anteontem, por exemplo, acordei de ressaca, entrei numa ducha fria e, assim que a água bateu na testa, revolvendo ideias há muito adormecidas nas catacumbas da memória, vi-me repetindo, inteirinha, a fala do vilão de um dos piores desenhos animados que já existiram, Thundercats: "Antigos espíritos do mal, transformem essa forma decadente em Mumm-Ra! O de vida eternaaaaa!". Faz quase 48 horas que, a cada 20 minutos, mais ou menos, minha vida é interrompida pela evocação maligna de "Mumm-Ra, o de vida eternaaaa!". É como um vício: cigarro mental ao qual volto inúmeras vezes, do momento em que abro os olhos até a hora de fechá-los novamente.

O texto na íntegra está aqui.

hate it here


I try to stay busy
I do the dishes, I mow the lawn
I try to keep myself occupied
Even though I know you’re not coming home

(...)

What am I gonna do when I run out of lawn to mow?
What am I gonna do if you never come home?Tell me, what am I gonna do?

I hate it
I hate it here
When you’re gone

Hate it Here é uma das minhas músicas preferidas do Wilco, e tá na minha cabeça desde que eu acordei.

É do CD Sky Blue Sky, de 2007, e dá pra ouvir um pouco de toda a discografia no site deles, aqui.

ps. a foto (linda) é da fotógrafa brasileira Elisa Mendes. tem mais no site e no Flickr dela.

sábado, 27 de novembro de 2010

Os Excêntricos Tenembaums

Quantos filmes recheados de bons atores foram um total e decepcionante fracasso? Bom, devido a consideráveis experiências ruins com times de estrelas hollywoodianas, eu fui assistir Os Excêntricos Tenembaums com receio de que fosse mais uma armadilha! Eis que o filme é uma obra prima do diretor Wes Anderson! Uma comedia ácida, profunda e acima de tudo muito engraçada!
Eu poderia passar horas escrevendo dos conflitos internos de cada personagem, de como deveriam fazer um filme de cada Tenenbaum, da atuação maravilhosa do Bill Murray, do Danny Glover, da Gwyneth Paltrow (eu quase desloco o maxilar toda vez que tenho que pronunciar Gwyneth Paltrow), dos irmãos Owen e Luke Wilson (que surpreendentemente é um dos escritores deste roteiro extraordinário), de como este é o melhor papel da carreira do Gene Hackman e de como eu me apaixonei por cada segundo deste filme!
Este filme esta na minha lista de melhores comédias de todos os tempos! Eu sou capaz de apostar um rim, como é impossível não gostar deste filme! É por causa de pérolas geniais como estas que o cinema é chamado de 7º arte!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Músicas boas, Interpretações Poderosas!

Dizem que o Chico Buarque compôs Com Açucar, Com Afeto especificamente para Nara Leão, pensando em seu timbre de voz e sua personalidade meiga. De fato, toda vez que eu ouço alguem interpretando Com Açucar, Com Afeto eu torço o nariz e acho que a pessoa deveria ser processada por falsidade ideologica!
Bom, não sei se o Chico Buarque compôs a música abaixo pensando no Pena Branca e Xavantinho, porém, a mesma estranheza me causa quando ouço esta música interpretada por outras pessoas, até mesmo quando é interpretada pelo próprio Chico. O jequismo da dupla e da viola caipira são perfeitos para o arcadismo da letra do Chico.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Paixões Platônicas

Eu andei meio ausente, porém, estou de volta! Apesar de não ser um post muito empolgante, é a minha mais nova paixão platônica: o par de olhos da garota do vídeo abaixo! That´s all folks!

Esquadros

Renato, que era de Aries e do Rio, assim como Cazuza canta Esquadros da Adriana Calcanhoto, com ela:

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cazuza sobre Cartola

"Cartola não existiu. Foi um sonho que a gente teve." - Cazuza

 O universo tem destas coisas, Agenor e Angenor. Mera coincidência?

Cartola por Cazuza:

pela metade


Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum marido fabuloso que eu tive em alguma encarnação, do útero da minha mãe, do meu anjo da guarda que está de férias em Acapulco, do meu avô que embrulhava sempre meu aparelho de dentes em um guardanapo e depois esquecia e jogava no lixo achando que era resto de algum lanchinho, de algum amor verdadeiro, que durou um segundo, de uma cena perfeita que meu inconsciente formou na infância e eu me encarreguei de acreditar como sendo meu futuro.
(...)
Eu invento amor, sim. E dói admitir isso. Mas é que não agüento mais não dar um rosto para a minha saudade. E não agüento mais os copos, as fumaças, os amigos, as intenções e as bolinhas de guardanapo pela metade. É tudo pela metade. Ao menos a minha fantasia é por inteiro. Enquanto dura.


Tati Bernardi -- trecho de Direto do Planeta Solidão, do livro que ganhei do Bernardo em 2008.
A foto é mais uma do FFFFOUND!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

No que acredito - Bertrand Russell

“Eu acredito que quando morrer, irei apodrecer e nada do meu ego sobreviverá. Mas me recuso a tremer de terror diante da minha aniquilação. A felicidade não é menos felicidade porque deve chegar a um fim, nem o pensamento e o amor perdem seu valor porque não são eternos.” - Bertrand Russell

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Marilyn


Marilyn, em seu testamento, confiou seus bens ao amigo Lee Strasberg. A viúva de Strasberg, Anna, já leilou a maior parte do acervo, e agora, finalmente, cedeu o direito de publicação das poesias e diários da atriz a uma editora francesa. A obra foi lançada na França em outubro e é entitulada "Fragmentos", título de um de seus poemas:

"Somente fragmentos de nós um dia alcançarão fragmentos de outros -
é esta a verdade do outro e de qualquer um. Nós podemos apenas
compartilhar fragmentos acessíveis ao conhecimento. Como na natureza.
No mais, é apenas solidão".

O livro deve ser lançado em 13 países até o final do ano, e eu espero que o Brasil esteja entre eles. Li alguns trechos, e é comovente, profundo e tem tom de desabafo. Quem poderia dizer que uma das mulheres mais lindas e desejadas de sua época tinha medo de não ser amada? Além de toda a beleza em si, os escritos ainda desconstroem aquela imagem de beleza sem conteúdo. Eu amei.
O prefácio do livro é assinado pelo escritor italiano Antonio Tabucchi, que compara Monroe à Sylvia Plath.

uma e a mesma coisa

O que mais adoro e o que mais odeio no amor são uma e a mesma coisa:
o fato de tomar todo o meu tempo e todas as minhas forças.


Pablo, interpretado por Eusebio Poncela, em A Lei do Desejo, de Pedro Almodóvar.

O navio de Teseu e a impermanência do Carbono-14

O texto abaixo foi escrito por Kentaro Mori, do Ceticismo Aberto. O original (com as imagens que muito bem ilustram o texto) encontra-se em O navio de Teseu e a impermanência do Carbono-14. O texto é um pouco longo, mas é imperdível. A ciência explicada a la Sagan é fascinante. O universo, que aos poucos conhecemos, é tão belo e perfeito que duvido ter sido criado pelo deus mesquinho que costumamos imaginar.
“Nenhum homem pode atravessar o mesmo rio duas vezes, porque [já] nem o homem nem o rio são os mesmos.” – Heráclito
“O navio com que Teseu e os jovens de Atenas retornaram de Creta tinha trinta remos, e foi preservado pelos atenienses até o tempo de Demétrio de Falero, porque eles removiam as partes velhas que apodreciam e colocavam partes novas, de forma que o navio se tornou motivo de discussão entre os filósofos a respeito de coisas que crescem: alguns dizendo que o navio era o mesmo e outros dizendo que não era.” – Plutarco
O paradoxo do barco de Teseu é ao mesmo tempo uma das doutrinas essenciais do Budismo: a impermanência, a consciência de que tudo está em fluxo constante. A profundidade deste conceito pode ser apreciada tanto filosoficamente quanto vislumbrada cientificamente, compreendendo melhor a datação por radiocarbono, conhecida também como teste de Carbono-14. É uma longa jornada que vai literalmente de estrelas a muitos anos-luz até a ponta de seus pés, mas àqueles dispostos a dedicar algum tempo e esforço a viagem valerá a pena.

Ela começa por lembrar que toda forma de vida que conhecemos é orgânica, isto é, baseada no elemento carbono. Presente em diversas formas, desde seu estado puro na grafite de um lápis até em compostos complexos como o plástico do mouse que você segura, o carbono possui propriedades singulares que permitem que forme produtos de enorme variedade e complexidade – motivo pelo qual a química orgânica é um dos terrores na escola. Novamente, o tema pode ser complexo mas tem suas recompensas: é por esta complexidade que a própria vida, em todos seus meandros, pode florescer baseada neste elemento.

Cada um destes átomos singulares de carbono compondo cada uma de todas nossas células começou sua jornada na fornalha de estrelas. “Nós somos feitos da poeira de estrelas”, lembrava Carl Sagan, pois os átomos de carbono são criados a partir de elementos mais leves no núcleo de estrelas gigantes, a temperaturas superiores a 100 milhões de graus. As estrelas por sua vez também possuem seu ciclo de vida, e quando ele chega ao seu fim, lançam em enormes explosões os muitos elementos que criaram, e que poderão se reunir novamente em outros sistemas estelares, talvez com seus sistemas planetários. Como o nosso sistema solar.

Nesta história cósmica da gênese do elemento em que toda a vida conhecida se baseia, o detalhe fabuloso é que cada um dos átomos de carbono em seu corpo pode ter sido formado no núcleo de uma estrela diferente. Veja duas estrelas no céu, separadas por anos-luz de distância, e imagine como há bilhões de anos, os minúsculos átomos que formam o seu próprio corpo estavam tão ou mais distantes. Somos poeira de estrelas, de muitas estrelas, separadas por vastas distâncias, reunidas aqui. Recupere o fôlego, porque a atmosfera é justamente o próximo passo de nossa jornada.

Ao encontrarem-se no sistema solar, e em particular, no planeta Terra, o caminho dos átomos de carbono continua. Tais átomos passam a fazer parte do ciclo do carbono no planeta, em constante transformação, deslocando-se da atmosfera aos oceanos, e vice-versa. Eles também podem mergulhar em períodos de menor fluxo, como depósitos fósseis, ou descendo às profundezas do planeta, de onde podem ser liberados novamente à atmosfera em grandes erupções. E há, claro, um outro reservatório de troca, e um especialmente relevante a nós: a biosfera, todas as formas de vida de que falamos. Os átomos de carbono que fazem parte de você.

O fluxo do carbono relacionado à vida deve ser familiar. As plantas fixam o elemento da atmosfera através da fotossíntese. O físico Richard Feynman notou como, de certa forma, as árvores e plantas se formam do ar. De fato, o que faz uma pequena semente se transformar em um enorme Jatobá é em sua maior parte o carbono que o vegetal tomou do ar para constituir seu tronco, raízes e folhas. Folhas estas que podem finalmente chegar aos animais que se alimentarem delas, e então aos animais que se alimentarem destes animais, incluindo os seres humanos. Pelo que o carbono que foi criado em estrelas e fixado do ar em matéria orgânica chega também a você.

Como animais, estamos constantemente ingerindo compostos orgânicos, e constantemente excretando compostos orgânicos, integrados como uma pequena parte deste enorme e longo fluxo. À semelhança do barco de Teseu, praticamente todo o material compondo seu corpo hoje terá sido substituído em alguns anos. E ao retornarmos ao barco de Teseu, finalmente temos a oportunidade de abordar a impermanência do Carbono-14. Esta é a parte mais complicada da história, mas a que permite uma apreciação da beleza de todo este conhecimento em relação ao rio da vida.

Em um Universo onde tudo está em constante fluxo, o próprio carbono está presente em diferentes variedades atômicas, chamadas isótopos – possuindo o mesmo número atômico, mas com diferentes massas, dependendo do número de nêutrons. Quase todo o carbono na Terra possui seis prótons e seis nêutrons em seu núcleo, o carbono-12, mas uma parcela infinitesimal de um entre um trilhão de átomos de carbono possui oito nêutrons, formando assim o carbono-14 (C-14). Por que tão infinitesimalmente raro?

Porque o isótopo C-14 é instável, é radioativo, transformando-se em nitrogênionitrogênio. Nenhum átomo de C-14 que você encontrar terá muito mais de 60.000 anos, e é muito provável que seja muito mais novo. Entre os trilhões de átomos de carbono que você poderá encontrar, esse átomo radioativo em particular deve ter tomado um caminho diferente.

É nas camadas mais altas da atmosfera, banhadas diretamente por intensos raios cósmicos, que o nitrogênio-14 pode ser atingido por nêutrons e formar o C-14, a provável origem do átomo radioativo e impermanente. Esta formação se dá constantemente; enquanto o C-14 decai e volta a se transformar em nitrogênio, nitrogênio na alta atmosfera sob a ação de raios cósmicos por sua vez se torna C-14. O resultado é que a proporção na atmosfera deste elemento de vida relativamente curta é aproximadamente constante, enquanto parte decai, outra parte se forma.

O C-14 formado por raios cósmicos nos limites entre a Terra e o espaço se distribui pela atmosfera, e como tal, faz parte do ciclo do carbono, incluindo o fluxo que passa pela biosfera, que como vimos, começa com a fixação do carbono pelas plantas. Desta forma, a concentração de C-14 fixado em um tronco de madeira, ou nas raízes, folhas e frutas de uma árvore em crescimento é aproximadamente a mesma daquela presente na atmosfera.

Porém, no instante em que uma planta morre, ela deixa este ciclo de troca com a atmosfera. O C-14 que fixou continua a decair, mas não é mais reposto por novos isótopos da atmosfera. Sua concentração só diminui, e diminui a uma taxa de decaimento radioativo constante e devidamente conhecida pela ciência: reduz-se à metade em aproximadamente 5.730 anos, a meia-vida do C-14. Chegamos por fim à datação por radiocarbono, o teste de carbono-14.

Em 1949, Willard Libby, por sugestão de Enrico Fermi, desenvolveu a ideia de aproveitar esta diminuição constante da proporção de C-14 em matéria orgânica para estimar quando ela deixou de fazer parte da troca constante com a atmosfera. Bastaria comparar sua porção de C-14 com aquela presente na atmosfera. Se a proporção houvesse diminuído pela metade, por exemplo, isso significaria que o C-14 esteve decaindo pelo seu período de meia-vida, por aproximadamente 5.730 anos. Outras proporções permitiriam estimativas indo de algumas décadas até dezenas de milhares de anos atrás. Por seu trabalho, Libby recebeu o prêmio Nobel, e o teste de radiocarbono é amplamente conhecido por revolucionar a arqueologia, definindo um relógio para conhecer tanto da história da vida.

Com enorme precisão, a datação por carbono-14 também pode ser aplicada a nós. Não fixamos carbono diretamente da atmosfera, mas nos alimentamos de plantas que acabaram de fazê-lo ou de animais que acabaram de se alimentar destas plantas, renovando em um fluxo contínuo o carbono em nossos corpos. Enquanto nos alimentamos, enquanto estamos vivos, participando deste fluxo, a concentração de C-14 em nossas células é aproximadamente a mesma daquela encontrada na atmosfera. Enquanto você está vivo, radioisótopos formados na alta atmosfera por raios cósmicos, a partir da poeira de estrelas cruzando vastas distâncias, passam por seu corpo, de fato constituem o seu corpo depois de serem fixados em compostos orgânicos pelas plantas.

Mas nada disso é permanente, são apenas fluxos mais ou menos rápidos que outros. No momento de sua morte o C-14 deixará de ser reposto, diminuindo então a uma taxa constante, pela qual o momento em que você se afastou do rio da vida poderá ser reconstruído. Cientificamente. Este, claro, é apenas um dos fluxos dos quais você se afastou: o carbono-12, estável, que constitui quase todo seu corpo continuará fazendo parte da biosfera por ainda muito tempo, incluindo alguns compostos especialmente relevantes relacionados com seu código genético, se você tiver deixado descendentes. Estes compostos podem ter seu material reposto, mas a informação que carregam… seria tema para outra longa história, em outro longo fluxo.

O carbono-14 é um marcador da impermanência, decaindo e formando-se constantemente. E como parte da química da vida, nos lembra que o paradoxo do barco de Teseu, seja como for solucionado filosoficamente, é o paradoxo que observamos cientificamente em todo o Universo, e do qual somos mesmo parte. A profundidade da impermanência só se torna mais bela e relevante quando compreendida também através dos olhos da ciência.

domingo, 7 de novembro de 2010

caramel


Caramelo é um filme lindíssimo sobre mulheres.

A diretora é Nadine Labaki, uma-Penélope-Cruz-do-líbano, que também atua no filme como Layale.
Tem uma trilha sonora deliciosa, imagens encantadoras e mulheres muito bonitas e sensuais.
Enfim, um dos meus filmes preferidos!

Aqui o trailer:

sábado, 6 de novembro de 2010

Cazuza

É um absurdo que ainda ñ tivéssemos Cazuza por aqui.

E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado


De Dé, Bebel e Cazuza, Preciso dizer que te amo:

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

estando errados


Será que todo o mundo devia trancar a porta de casa e ficar quieto, isolado, como fazem os escritores solitários, em uma cela a prova de som, invocando as pessoas através das palavras e depois sugerindo que essas pessoas feitas de palavras estão mais próximas das coisas reais do que as pessoas reais que deturpamos todos os dias com nossa ignorância? Persiste o fato de que entender direito as pessoas não é uma coisa própria da vida, nem um pouco. Viver é entender as pessoas errado, entendê-las errado, errado e errado, para depois, reconsiderando tudo cuidadosamente, entender mais uma vez as pessoas errado. É assim que sabemos que continuamos vivo: estando errados. Talvez a melhor coisa fosse esquecer se estamos certos ou errados a respeito das pessoas e simplesmente ir vivendo do jeito que der. Mas se você é capaz de fazer isso… bem, boa sorte.

Philip Roth, em Pastoral Americana.

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Li o trecho no blog do
Zé Beto, e me deu mais vontade de ler todos os livros dele.
Incluindo o que ainda nem foi lançado no Brasil, Nemesis. (Saiu uma matéria bem boa sobre o livro no
El País)
ps. A foto é do FFFFOUND!