segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A história se repete






Em uma passagem do filme “Jogos do Poder”, o agente da CIA Gust Arakotos, interpretado pelo saudoso Philip Seymour Hoffman, conta a história de um mestre zen que, ao se deparar com a felicidade de um pequeno vilarejo entorno de um jovem rapaz que havia ganhado um cavalo, diz apenas: “veremos...”. Na tentativa de domar o cavalo o rapaz cai e quebra a perna, e o vilarejo então passa a acreditar que o cavalo era na verdade uma maldição, o mestre repete a mesma sentença: “veremos...”. O país, o qual pertence o vilarejo, entra em guerra e todos os jovens do vilarejo são convocados pelo exército, exceto o jovem rapaz que estava com a perna quebrada, e o vilarejo torna a acreditar na benção do cavalo, enquanto o mestre zen perpetua sua sentença: “veremos...”.  A história pontua a acertada preocupação do agente da cia com o desenrolar da participação americana no financiamento dos rebeldes, liderados pelo saudita Osama Bin Laden, que combatiam o exército vermelho, na tentativa de ocupação do Afeganistão pela União Soviética no final da década de 70.
                A mesma história poderia ter sido contada ao presidente Sarkozy, ao presidente Obama e todos os membros da OTAN, em 2011. Inebriados pelos eventos do que ficou conhecido como “Primavera Árabe”, enxergaram de forma míope que poderiam intervir militarmente em prol dos rebeldes que tentavam derrubar o ditador Sírio, Bashar Al-Assad, nos moldes da operação que resultou na queda e assassinato do ditador Líbio, Muammar Gaddafi.
                À primeira vista, o vácuo das ditaduras sanguinárias, seria preenchido por governos democráticos, laicos, pró ocidente, pró capitalismo, que resultariam em um aumento de liberdades individuais, econômicas, investimento externo e prosperidade na região. Porém, a realidade é que o ocidente assistiu incrédulo o surgimento do ISIS.
                Os relatórios de inteligência da CIA e da ONU em 2009 e 2010 retratavam o ISIS como uma instituição enfraquecida que estava sendo facilmente combatida pelas tropas Iraquianas com os seus principais líderes capturados ou mortos. Porém, entre 2011 e 2015 o ISIS se apoderou de metade do território Iraquiano, metade do território Sírio e possui um exército estimado de mais de 2 milhões de combatentes.
                 Assim como o Osama Bin Laden, a Al Qaeda e o Afeganistão pareciam parte da solução em 1979 e se tornaram um enorme problema cuja a solução ainda consome milhares de dólares todos os anos, a solução teórica oriunda da queda dos antigos aliados do ocidente Muammar Kaddafi, Mubarak e do Bashar Al-Assad se tornou na pratica o Estado Islâmico e um Oriente Médio infinitamente mais complexo, mais violento e mais longe da pacificação e prosperidade.
Homs - terceira maior cidade da Siria, Antes e depois 2011
                O tamanho do erro estratégico que a OTAN cometeu pode ser medido analisando a realidade da Síria antes da “Primavera Árabe” e depois. Em 2010 a Síria possuía um IDH de 0,662 o que a colocava entre os primeiros países de desenvolvimento médio, muito próximo de virar um país de alto desenvolvimento, possuía menos de 6% da população abaixo da linha da pobreza e 100% das crianças em idade escolar matriculadas. Hoje a expectativa é de que o IDH da Síria esteja abaixo dos 0,500 o que a coloca na metade de baixo dos países de baixo desenvolvimento. O IDH reflete a queda da expectativa de vida, de 74 para 54 anos, o abandono escolar, com mais de 50% das crianças em idade escolar fora das escolas por no mínimo 3 anos, e uma queda de quase 60% na renda do país, empurrando cerca de 6 milhões de Sírios para abaixo da linha da pobreza.
                Mas o principal dado é que antes da “Primavera Árabe” a Síria possuía um índice negativo de migração, com mais pessoas indo para a Síria do que saindo do país, e hoje os Sírios representam a segunda maior população de refugiados no mundo.

                Citando o dramaturgo e ativista político irlandês George Bernard Shaw: “Se a história se repete e o inesperado sempre acontece, quão incapaz deve ser a humanidade de aprender através da experiência”.


Referências: 
http://www.theguardian.com/sustainable-business/2015/aug/19/syria-refugee-crisis-education-teaching-lost-generation-children
http://www.theguardian.com/world/2015/mar/12/syrias-war-80-in-poverty-life-expectancy-cut-by-20-years-200bn-lost
http://databank.worldbank.org/data/reports.aspx?source=world-development-indicators
http://hdr.undp.org/en/countries/profiles/SYR#
https://en.wikipedia.org/wiki/Afghanistan
https://en.wikipedia.org/wiki/Syria
https://en.wikipedia.org/wiki/Islamic_State_of_Iraq_and_the_Levant#As_Islamic_State.2C_2014.E2.80.93present
https://en.wikipedia.org/wiki/Muammar_Gaddafi#NATO_intervention:_March.E2.80.93August_2011


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Procrastinator master



http://waitbutwhy.com/2013/10/why-procrastinators-procrastinate.html

http://waitbutwhy.com/2013/11/how-to-beat-procrastination.html

http://waitbutwhy.com/2015/03/procrastination-matrix.html

quinta-feira, 21 de maio de 2015