segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Peso X leveza

Difícil escolher apenas um, mas esse deve ser um dos meus trechos preferidos de A insustentável leveza do ser:

"Mas será mesmo atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.
Em compensação, a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.
O que escolher, então? O peso ou a leveza?"

2 comentários:

Leonardo T disse...

Um dos meus trechos favoritos é o que retrata o momento em que o Nietzsche se entrega a sua loucura.
"...Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-o com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, e sob o olhar do cocheiro, explode em soluço..."
Eu acho que o argumento do Kundera neste trecho é que, neste momento Nietzsche se distancia da humanidade por se relacionar de forma livre, leve, sem comprometimentos... E então, ele não poderia mais viver são junto da humanidade!
Excelente post!

Bernardo Quintão disse...

O único livro do Kundera que eu li foi A Valsa dos Adeuses. Chato pra caralho.

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