segunda-feira, 13 de setembro de 2010

nostalgias


na época eu era um sujeito perseguido pelas nostalgias. sempre tinha sido, e não sabia como me livrar da saudade para viver tranqüilamente.

ainda não aprendi. e desconfio que nunca vou aprender. mas pelo menos já sei uma coisa valiosa: é impossível me livrar da saudade porque é impossível se livrar da memória. você não pode se livrar daquilo que amou.

isso tudo vai estar sempre com a gente. sempre vamos desejar recuperar o lado bom da vida e esquecer e desnutrir a memória do lado mau. apagar as perversidades que cometemos, desfazer a lembrança das pessoas que nos magoaram, eliminar as tristezas e as épocas de infelicidade.

é totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, por nossa sorte, a saudade possa se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que nos impulsione para o novo, para nos entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar a vida na solidão, encontrar alguém, entregar-nos um pouco, evitar a rotina, desfrutar a nossa parte da festa.

~trecho de Esmagado pela Merda, de Pedro Juan Gutiérrez (em Trilogia Suja de Havana).

3 comentários:

Bernardo Quintão disse...

Seja bem vinda Lili!

Leonardo T disse...

Este texto me fez lembrar do filme o brilho eterno de uma mente sem lembranças...

elisa lopes. disse...

Gracias, cariño.

Verdade!! Filme triste...

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