quinta-feira, 22 de março de 2012

assim, simples

saímos juntos do bar. na rua as pessoas ainda se espantavam com Cass. continuava linda, talvez mais do que antes. fomos para o meu endereço. abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. parecia que tínhamos segredos em comum. quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada - da maneira que só ela sabia dar. era como a alegria provocada por uma fogueira. enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais.

(...)


naquele dua convidei-a para ir à praia de carro. como estávamos na metade da semana e o verão ainda não havia chegado, encontramos tudo maravilhosamente deserto. ratos de praia, com a roupa em farrapos, dormiam espalhados pelo gramado longe da areia. outros, sentados em bancos de pedra, dividiam uma garrafa de bebida tristonha. gaivotas esvoaçavam no ar, descuidadas e no entanto aturdidas. velhinhas de seus 70 ou 80 anos, lado a lado nos bancos, comentavam a venda de imóveis herdados de maridos mortos há muito tempo, vitimados pelo ritmo e estupidez da sobrevivência. por causa de tudo isso, respirava-se uma atmosfera de paz e ficamos andando, para cima e para baixo, deitando e espreguiçando-nos na relva, sem falar quase nada. com aquela sensação simplesmente gostosa de estar juntos.



a mulher mais linda da cidade, de crônica de um amor louco.
{buk}

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