Ainda no milênio passado, em 1994, o professor de história na University of California, Jon Wiener, escreveu um artigo fenomenal, pra não dizer visionário, para o The Nation (o artigo pode ser encontrado aqui) relatando o "surgimento" da internet e suas primeiras experiências online. Àquela época, a internet ainda era um grande conjunto de pequenas redes interligadas, porém as expectativas já eram grandes. As pessoas já diziam que a internet era um lugar de livre circulação de informações e publicação de opiniões, longe da censura dos governos pois [era/é/esperamos que continue sendo] anárquica, e iria revolucionar o mundo. Já dizia Jon que a internet é livre porque não possui um dono, ninguém a controla e ninguém é excluído por etnia, credo ou gênero. Enfim, a internet era a terra prometida da Era da Informação.The Internet has demonstrated its effectiveness as a weapon against government censorship and as a means of communication untrammeled by corporate control. It makes available immense information resources on an unprecedented scale. It makes instantaneous communication easy, which could strengthen democracy.
Jon se encantou com a Usenet, que à época era o grande "forum" da internet, com mais de 5 mil tópicos de discussão sobre os mais diversos assuntos possíveis. É preciso lembrar que em 1994 os sites de busca e indexação ainda engatinhavam. Não existia Google, Yahoo, Cadê?, Altavista. Redes sociais, sites de compartilhamento e outras inovações como Youtube, Blogs, Facebook, Twitter, Wikileaks, Torrents, P2P, .mp3, banda larga, celulares com internet, ainda não eram nem embriões. A Usenet foi a primeira comunidade virtual, a primeira "rede social". É claro que muito diferente do que são hoje em dia o Facebook, Twitter, Orkut e afins.
Fazendo um à parte: no artigo, o professor Wiener aborda questões como comércio online, privacidade, spam (sem usar o termo), censura e difamação para fazer uma comparação entre a liberdade online e na vida real. À época, os temas eram pouquíssimo importantes. Hoje, em torno destes temas gira o futuro da humanidade. Por exemplo, para falar de censura governamental, o professor cita um caso em que o governo canadense proibiu de ser publicado na mídia convencional detalhes sobre o julgamento de um crime envolvendo sexo, tortura e assassinato. A mídia aceitou a proibição, porém ativistas virtuais (para não usarmos o termo hacktivista) publicavam informações diariamente num grupo da Usenet. Talvez este tenha sido um dos primeiros casos de "Wikileaks" da história, senão o primeiro.
É impressionante perceber como a promessa do que seria o futuro da internet se cumpriu muito além da expectativa. Usar do anonimato da internet para contornar restrições governamentais só cresceu desde então. Em apenas 15 anos saímos de um caso de relevância secundária como o deste crime no Canadá para a primeira "guerra digital", que está pondo em cheque o poder das maiores potências mundiais. Passando por casos como o da blogueira cubana Yoani Sanchez, do Generation Y e da luta contra as FARCs organizada no Facebook.
E esta é só uma face da revolução da internet. Por estarmos vivendo o processo, acho que muitas vezes não nos damos conta da velocidade da mudança. Vivemos algum tipo de processo de singularidade na área da Informação e não estamos nos dando conta. Economistas não conseguem precificar quanto vale uma empresa de tecnologia como o Google e o Facebook, imagine analisar qual o impacto da revolução tecnológica que vivemos com a internet em todas as cadeias produtivas. (Como tudo na internet, esta discussão também já é "velha", mas ainda nem perto de solucionada.)
Mas sem desvirtuar muito, o que achei realmente interessante de se perceber no artigo é que a vontade humana de se comunicar, compartilhar, encontrar e se encontrar, já dava as caras na internet há 15 anos atrás (e com certeza antes disso). Não havia sido potencializada pela (r)evolução que vem acontecendo desde então, mas o core já estava lá, ainda que inexplorado pela criatividade humana.
São tantos fenômenos interessantes que eu gostaria de abordar que mal consigo categorizá-los. Gostaria de falar mais sobre memes, the anonymous, metaverso, singularidade, 4chan, facebook, economias virtuais...
Por exemplo, assunto em voga: o grande asset do buscador da Google é a capacidade de rankear as páginas pesquisadas, para que o usuário possa achar primeiro aquilo que mais o interessa. Ou seja, é a capacidade de facilitar o acesso à informação de qualidade. O que é mais importante para o usuário: um link achado no Google ou um link publicado pelo seu melhor amigo no Facebook? O que aconteceria se a Google incorporasse ao seu pagerank links do Facebook? E se a Microsoft fizesse isso no Bing? Ops...!
Eu acho que as novidades da próxima década virão em grande parte com mais revoluções na nossa primitiva capacidade de nos socializar. E tenho certeza que ninguém faz ideia de como será. Nem William Gibson (que criou o cyberspace) nem Neal Stephenson (que "acertou" o Google Earth, o Wikileaks e o Second Life).
É impressionante perceber como a promessa do que seria o futuro da internet se cumpriu muito além da expectativa. Usar do anonimato da internet para contornar restrições governamentais só cresceu desde então. Em apenas 15 anos saímos de um caso de relevância secundária como o deste crime no Canadá para a primeira "guerra digital", que está pondo em cheque o poder das maiores potências mundiais. Passando por casos como o da blogueira cubana Yoani Sanchez, do Generation Y e da luta contra as FARCs organizada no Facebook.
E esta é só uma face da revolução da internet. Por estarmos vivendo o processo, acho que muitas vezes não nos damos conta da velocidade da mudança. Vivemos algum tipo de processo de singularidade na área da Informação e não estamos nos dando conta. Economistas não conseguem precificar quanto vale uma empresa de tecnologia como o Google e o Facebook, imagine analisar qual o impacto da revolução tecnológica que vivemos com a internet em todas as cadeias produtivas. (Como tudo na internet, esta discussão também já é "velha", mas ainda nem perto de solucionada.)
Mas sem desvirtuar muito, o que achei realmente interessante de se perceber no artigo é que a vontade humana de se comunicar, compartilhar, encontrar e se encontrar, já dava as caras na internet há 15 anos atrás (e com certeza antes disso). Não havia sido potencializada pela (r)evolução que vem acontecendo desde então, mas o core já estava lá, ainda que inexplorado pela criatividade humana.
São tantos fenômenos interessantes que eu gostaria de abordar que mal consigo categorizá-los. Gostaria de falar mais sobre memes, the anonymous, metaverso, singularidade, 4chan, facebook, economias virtuais...
Por exemplo, assunto em voga: o grande asset do buscador da Google é a capacidade de rankear as páginas pesquisadas, para que o usuário possa achar primeiro aquilo que mais o interessa. Ou seja, é a capacidade de facilitar o acesso à informação de qualidade. O que é mais importante para o usuário: um link achado no Google ou um link publicado pelo seu melhor amigo no Facebook? O que aconteceria se a Google incorporasse ao seu pagerank links do Facebook? E se a Microsoft fizesse isso no Bing? Ops...!
Eu acho que as novidades da próxima década virão em grande parte com mais revoluções na nossa primitiva capacidade de nos socializar. E tenho certeza que ninguém faz ideia de como será. Nem William Gibson (que criou o cyberspace) nem Neal Stephenson (que "acertou" o Google Earth, o Wikileaks e o Second Life).
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