segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Detrás do rosto

Como não poderia deixar de ser, é do Gullar o meu primeiro registro, previsível que sou.


Acho que mais me imagino
do que sou
ou o que sou não cabe
no que consigo ser
e apenas arde
detrás desta máscara morena
que já foi rosto de menino.


Conduzo
sob minha pele
uma fogueira de um metro e setenta de altura.
Não quero assustar ninguém.
Mas se todos se escondem no sorriso
na palavra medida
devo dizer
que o poeta gullar é uma criança
que não consegue morrer
e que pode
a qualquer momento
desintegrar-se em soluços.


Você vai rir se lhe disser
que estou cheio de flor e passarinho
que nada
do que amei na vida se acabou:
e mal consigo andar
tanto isso pesa.

Pode você calcular quantas toneladas de luz
comporta
um simples roçar de mãos?
ou o doce penetrar
na mulher amorosa?


Só disponho de meu corpo
para operar o milagre
esse milagre
que a vida traz
e záz
dissipa às gargalhadas.

2 comentários:

Bernardo Quintão disse...

Apesar dele ser um comunista de merda, esta poesia é foda! Seja bem vinda Carol :)

carol castro disse...

Hahahahah
Vou ignorar você!

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