Assisti ontem à Metaformose Leminski: Reflexões de Um Herói Que Não Quer Virar Pedra. Uma peça de teatro apresentada pelo Grupo Delírio, dirigida por Edson Bueno, inspirada numa obra do Leminski (Err, óbvio, tá no título, animal). A peça é muito boa, muito boa mesmo! E olha que eu não sou muito fã de teatro. Eu acho que muitas vezes as peças de teatro pecam por serem muito densas e pouco dinâmicas, e por isso ficam enfadonhas e não agradam a maioria dos mortais, eu incluso. Mas essa discussão postergarei, acho que vou tecer alguns comentários sobre cinema x teatro em outro post.
Voltando lá, Leminski, Metaformose... A peça é uma loucura, insana. Me senti dentro da mente do poeta. Leminski, num refluxo estomacal de muita cultura e mitologia ingeridas durante a vida, regurgita diversos mitos, reflexões, medos, desejos, cenas cotidianas em Curitiba, tudo de uma vez. A peça rola numa cadência agradável e convidativa, numa linguagem acessível. Eu que não entendo mais que o usual de mitologia grega, e obviamente não fui capaz de compreender todo o significado do que Leminski pretendia, tive uma ótima experiência como espectador. Acho que Leminski era como todos nós, tudo que ele queria era se encontrar em algum lugar. As diversas vozes na cabeça do poeta, os diversos eus da sua personalidade, ele traduz em heróis, deuses, ninfas... Desde os antigos, vai civilização, vem civilização, os temas humanos são os mesmos. Acho que o que nos diferencia de Leminski é a sua aceitação da insanidade que é ser e pensar a existência. Enquanto nós nos ocupamos com o cotidiano, Leminski se pergunta: Qual é o seu maior medo?
Bom. Tô eu aqui falando um monte de abobrinha sem sentido porque o artista me contagiou. Quem puder, e tiver coragem de olhar nos olhos da Medusa, sem medo de virar pedra, que assista a peça e permita se contagiar.
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